terça-feira, 9 de novembro de 2010

Como Saber Quem Eu Sou?


COMO SABER QUEM EU SOU?

Acho que estou vivendo para agradar outras pessoas. Nem sei mais o que é bom para mim. Casar e ter filhos é o que a minha mãe quer, mas será que essa vontade é dela ou minha? Realmente, não sei mais qual é minha vontade. Quem sou eu?

O desabafo acima é um questionamento muito comum entre as pessoas. Estamos sempre dispostos a agradar e corresponder aquilo que esperam de nós, pois foi assim que aprendemos desde muito pequenos: a obedecer! E quando começamos a pensar com nossa própria cabeça e questionar se o caminho que estamos trilhando é mesmo aquele que queremos, o conflito se torna inevitável. As perguntas quem sou eu?, o que eu quero?, estou feliz? insistem em martelar em nossa cabeça e uma vez iniciado o questionamento é como se ele tivesse vida própria, não para mais. Como encontrar tais respostas? Como nos libertar da busca de reconhecimento, aprovação, da necessidade de agradar, deixar de ser tão suscetível a críticas e opinião das outras pessoas? Não é fácil libertar-se de tantas correntes que nos aprisionam. Sim, ficamos presos a essas necessidades que mal conseguimos viver, como se estivéssemos verdadeiramente acorrentados.

Para evitar esse conflito, durante algum tempo até conseguimos nos distrair com outros interesses, seja trabalhando em excesso para não sobrar tempo para pensar; seja cuidando da vida dos outros, ajudando, aceitando ou criticando-os, seja adoecendo como forma de chamar atenção, seja nos sobrecarregando com infinitas atividades, enfim, tudo isso pode inicialmente nos beneficiar à medida que proporciona a oportunidade de nos esconder de nós mesmos. Sofremos muito com as perdas durante a vida, mas não percebemos o quanto perdemos a nós mesmos cada vez que olhamos para o lado para não olhar para dentro de nós.

Você já reparou que quando estamos frente a uma multidão, conseguimos ver a todos, mas não vemos a nós mesmos? Percebe a diferença? Sempre estamos vendo os outros, o que interfere de forma profunda e simbólica quando precisamos ter o conhecimento de nossos próprios sentimentos. Sempre é mais fácil olhar o outro, perceber qual o melhor caminho para ele, do que olhar para dentro de nós e definir o próprio caminho.

Para conseguir as respostas das perguntas acima é preciso saber o que nos afastou de nós mesmos. Tudo começa de maneira muito sutil quando ainda somos muito pequeninos. Quando nascemos somos genuínos, iluminados, mas com o transcorrer do tempo começamos a nos apagar... ou somos apagados diante das cobranças, superproteção, vergonha, humilhação, rejeição, abandono, regras, etc, e inconscientemente, vamos nos distanciando de quem somos em essência, de nosso verdadeiro eu- o self. Com a intenção de sermos aceitos, criamos o que chamamos de máscaras, que são defesas que nosso inconsciente cria com o intuito de evitar a dor dos sentimentos que nos fazem sentir.

O raciocínio do inconsciente seria o seguinte: Se sou tão criticado, se não faço nada certo, serei diferente para quem conseguir ser aceito e amado . Crescemos acreditando que não somos suficientemente bons para sermos amados pelo que somos, assim procuramos desesperadamente criar uma imagem de como deveríamos ser. Começamos a criar um falso eu como proteção e reprimimos cada vez mais nosso eu verdadeiro. Isso vai se cristalizando aos poucos, até que quando começamos a nos sentir insatisfeitos, infelizes, em conflito, ou quando algo acontece como uma perda significativa pela separação, morte, doença, e nos faz refletir como está nossa vida, é que começamos a questionar o que está acontecendo. E parece que quanto mais pensamos mais perdidos nos sentimos, é como se não soubéssemos mais quem somos, como o desabafo do início deste artigo.

Muitos se desesperam, ficam deprimidos, pois não conseguem identificar o que está acontecendo. A distância de si mesmo é tão profunda que não conseguimos mais ouvir nossa própria voz, nossos desejos e sonhos, é como se tudo tivesse se perdido. Mas, na verdade, tudo ainda está dentro de nós, só precisamos saber como encontrar a parte perdida.

Para alcançar o verdadeiro eu é preciso identificar quais são suas máscaras. Você sabe? Não é um processo simples, afinal, foram tantos anos acreditando ser de um jeito, como agora alguém lhe diz que essa pessoa não é você? É preciso fazer o caminho de volta, buscar o seu eu verdadeiro, sua essência. Em que momento da vida você se perdeu de si mesmo? Muitas vezes nem lembramos. Você pode começar identificando aquilo que neste momento está lhe incomodando, atrapalhando ou lhe trazendo conflitos.

As máscaras que desenvolvemos podem ser muitas. Por exemplo, a superioridade, arrogância, o poder, orgulho, a necessidade de agradar, o ser bonzinho em excesso, alegre em excesso,rindo de tudo e de todos, podem ser máscaras que ocultam profundos sentimentos de danos emocionais e conseqüente falta de valor a si mesmo, mas que um dia foram criadas paraprotegê-lo da dor. Geralmente aquilo que nos traz conflitos são nossas necessidades não supridas desde muito pequenos e que só agora começamos a ter consciência.

O casamento está mal, não recebe atenção como gostaria? Será que essa atenção que espera já não vem lá de criança? Por mais que o outro lhe dê atenção dificilmente conseguirá suprir a necessidade somada por anos.

O que isso tem a ver com máscara? Provavelmente, quando criança já sentia a necessidade de atenção, mas como forma de se defender ou seja, para obter a atenção não recebida, passou a fazer de tudo pelo outro, agradando sempre e incondicionalmente, com o pensamento inconsciente de ser valorizado e assim receber atenção tão desejada.

Cresceu dentro deste padrão e no casamento deve ter agido da mesma maneira, sempre agradando, se sobrecarregando, mas com o passar dos anos a necessidade vai sendo potencializada, até chegar num ponto em que seu corpo e/ou sua mente não agüentam mais, mas ao mesmo tempo, não consegue identificar todo esse processo, pois não há esse conhecimento e o conflito se instala.

Quando isso acontece é hora de parar tudo e refletir no que está acontecendo, quando tudo começou, e em geral, começa lá no passado, na forma como fomos cuidados, educados, reprimidos, exigidos, cobrados. Quando começamos a nos moldar ao que esperavam de nós e desta forma começa o processo de distância de quem somos. O caminho de volta é longo, mas valioso.

Rosemeire Zago

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Por Que Felicidade Só Existe No Momento Presente


Por Que Felicidade Só Existe No Momento Presente

"Apegar-se a momentos felizes, ou ficar preso a momentos dolorosos do seu passado somente limita as suas oportunidades de ser plenamente feliz no presente.

Ninguém além de você é responsável por sua felicidade. Outras pessoas podem colaborar, mas ninguém pode ser feliz por você.

Caminhe mais leve pela vida. Na bagagem, traga somente o necessário, as coisas que ajudam a viver e a construir as condições para ser feliz. As coisas passam, o tempo passa, mas você não passa... Invista em você e em sua felicidade.

Felicidade não é possuir tudo o que você deseja, mas aprender a amar tudo o que você possui. Para ser feliz você precisa somente de três coisas: amar o que você faz, sentir sua importância e a dos outros no cenário da vida e uma forte atitude para tornar as coisas que estão ao seu alcance melhores do que elas eram antes da sua chegada"

Felicidade é um estado de espírito presente. Não podemos ser felizes no passado, porque o passado é apenas uma lembrança, tampouco podemos ser felizes no futuro porque o futuro é apenas uma promessa. Felicidade é algo que acontece em um tempo chamado agora!

O tempo não é o mover dos ponteiros do relógio, mas sim como nós percebemos, vivemos e sentimos este intervalo. O tempo medido é diferente do tempo vivido!

Já notou que há meses que passam depressa e outros que demoram a passar? Anos que voam e outros que “engatinham”? E no final acabamos sempre declarando:

– “... não tive tempo para nada!”.

Ficamos tão envolvidos com as dificuldades que não sobra tempo para sermos felizes. O problema não é o tempo, somos nós. Excesso de tempo medido para pouco tempo efetivamente vivido!

Ficamos vítimas da sucessão de fatos cotidianos, de uma rotina que passa a ser automaticamente repetida, sem que tenhamos consciência dela. Vivemos cada dia como quem troca a marcha do carro, num verdadeiro automatismo. E, depois... quando olhamos para trás, vemos que muito tempo se passou e muito pouco se realizou; o tempo medido é enorme, mas o vivido é muito pequeno.

Sejamos sinceros, estamos de fato vivendo ou só medindo o tempo?

O tempo é um só. Nossas referências e vínculos emocionais com ele é que mudam: nossas lembranças são o passado, nossas oportunidades são o presente e nossas esperanças são o futuro.

Quando dizemos que estamos sem tempo para ser feliz, isto é uma declaração de que fomos engolidos pelo dia-a-dia e pelos problemas não resolvidos. Deixamos de respirar o ar da alegria e de colher as flores do jardim do hoje.

Fugir para as lembranças é uma de nossas principais fraquezas. Nada garante que nossas lembranças felizes (ou não) vão se repetir. Não é porque algo deu certo de determinada maneira, em determinada época, que dará certo de novo em outra época, sob novas condições.

Apegar-se a momentos felizes, ou ficar preso a momentos dolorosos do seu passado somente limita as suas oportunidades de ser plenamente feliz no presente.

Ninguém além de você é responsável por sua felicidade. Outras pessoas podem colaborar, mas ninguém pode ser feliz por você.

Este momento maravilhoso chamado agora tem o poder de construir o futuro que você deseja e também de reverter ou anular os efeitos negativos dos seus equívocos do passado.

Um simples pedido de desculpas feito agora pode eliminar todo um passado de tristezas e mágoas.

Um ser humano fantástico com uma missão muito nobre, chamado Paramahansa Yogananda (um iogue) escreveu as seguintes linhas:

“Viva completamente cada momento presente e o futuro tomará conta de si mesmo. Viva intensamente o maravilhoso, o belo de cada instante. Pratique a presença da paz. Quanto mais você fizer isso, mais sentirá a presença desse poder em sua vida.”

Quando estamos dirigindo numa auto-estrada, nossa meta está à nossa frente, temos que nos preocupar com o pedaço de pista que estamos cruzando; uma distração e podemos não chegar ao nosso destino. É claro que uma ou outra olhada no retrovisor é necessária, mas fixar-se nele e tentar dirigir para frente olhando para trás é no mínimo, imprudente.

Por falar em retrovisor, é comum a frustração que a maioria de nós experimenta ao olhar para o passado, aquele algo que fizemos ou deixamos de fazer. Lembre que a cada dia, a vida nos oferece uma página em branco para que, de próprio punho, possamos escrever a nossa própria história.

O que você escreveu hoje? Você está disposto a assinar o que está escrevendo?

No futuro você estará olhando para esta “página” pelo retrovisor do tempo... Será que você irá constatar que dedicou tempo para ser feliz?

Use seu tempo em favor da vida. Não perca tempo com reclamações, mágoas, sentimentos de inferioridade, baixa auto-estima, preconceitos e atitudes de autodestruição. Isto é uma forma lenta de suicídio. Fazendo isso você está se matando aos poucos. Primeiro morrem seus sonhos, depois a sua motivação, depois a sua atitude e assim dia-a-dia você vai destruindo suas possibilidades de ser feliz.

Dedique-se a ter tempo para ser feliz. Liberte-se! Caminhe mais leve pela vida. Na bagagem, traga somente o necessário, as coisas que ajudam a viver e a construir as condições para ser feliz. As coisas passam, o tempo passa, mas você não passa... Invista em você e em sua felicidade.

Felicidade não é possuir tudo o que você deseja, mas aprender a amar tudo o que você possui. Para ser feliz você precisa somente de três coisas: amar o que você faz, sentir sua importância e a dos outros no cenário da vida e uma forte atitude para tornar as coisas que estão ao seu alcance melhores do que elas eram antes da sua chegada.

Felicidade é uma porta que se abre de dentro para fora. Ao abrir esta porta, o que você tanto espera poderá, finalmente, entrar!

Carlos Hilsdorf

domingo, 18 de julho de 2010

Saudade Sem Dor


Saudade Sem Dor

Procuro, faz tempo, entender o real significado de ‘saudades’. Quais as razões implícitas no conteúdo desta palavra que é tão singular em nosso vocabulário? A pergunta ficou no ar por muito tempo.

O uso da meditação ajudou-me na primeira grande descoberta, quando percebi que saudade deve ser diferente do sentimento de ausência.

Confesso que para mim tudo o que se encaixava no conceito de falta significava saudade. Grande equívoco, não é verdade?

Hoje sei exatamente que ausência é a falta que jamais será preenchida, enquanto saudade é a lembrança de algo ou alguém que marcou muito nossas vidas e que poderá vir a se repetir.

Diante disso, desta descoberta, jamais senti, novamente, a saudade que dói; muito menos, permiti-me sentir a ausência de alguém.

Meu Mestre me ensinou que a ausência tem origem no apego. A matéria é apego. O sentimento é saudade.

Apego gera dependência e falta de iniciativa. Vários e-mails que recebo demonstram que as pessoas não sabem conviver com o apego, que deve conter uma dose consistente de dependência.

Nossa felicidade jamais pode estar vinculada às pessoas que nos cercam, porque cada uma vê e sente a vida pela ótica de sua evolução. Somos nós a projetar nos outros o que esperamos que eles sejam. E isso é um grande equívoco.

Os valores são individuais e ninguém consegue sentir a mesma coisa que o outro, embora estejam vendo, vivendo, ou convivendo, com o mesmo cenário.

Não há, portanto, regra que possa ser aplicada para se gerar a própria felicidade. Como também não existe forma de se explicar a diferença entre saudade e apego. Temos que descobrir, com esforço próprio, esta diferença, sentindo. Para sentir é preciso isolar a matéria envolta no caso e simplesmente deixar que a emoção aflore, sem forma e sem tempo.

Forma e tempo são matéria. Na essência do Universo o tempo não conta. Quer um exemplo? Quando você está absolutamente feliz com a companhia de alguém, o passar do tempo é percebido? Não, né? Pois é. Fora deste planeta não há tempo. Não temos necessidade de dormir. Dormir é físico. Não somos humanos, simplesmente estamos humanos. Não há apego... Somos felizes.

Do meu passado só admito sentir saudades. Quando percebo que é apego, procuro execrar o sentimento. Do meu passado elimino todos os cenários que contemplam as dores. Elas são um fardo muito pesado para ser carregado no presente. Elas, as dores, contaminam o meu futuro. Não há como projetar uma boa vida se o passado negativo a contamina.

A morte ensina a dor do apego.
Se seu apego tem dependência, elimine-o.
Se sua saudade tem dor, elimine-a.
Se sua vida não tem saudades, crie-as.
Viver sem este sentimento é o mesmo que cozinhar sem sal... O sabor vai embora.
O amor ensina a dor da saudade.
Viver sem o passado ensina a crescer.

Como você vai viver? A escolha é sua. Suas colheitas atuais dependem de suas decisões tomadas no passado. Não se irrite, nem se culpe, só mude conceitos e valores. Culpa e irritação criam doenças no corpo físico. Agindo assim irá alterar o fluxo de seus pensamentos e atitudes. Obviamente será a seu favor.

Saul Brandalise Jr. - Pesquisador da Vida Inka / Autor do livro: O Despertar da Consciência

terça-feira, 13 de julho de 2010

Solidão, A Dor Que Nos Isola


Solidão, A Dor Que Nos Isola

Solidão, dor sofrida, que nos leva a viver à parte de situações que gostaríamos de participar. Para quem sofre desse mal, compartilhar uma relação, um grupo de amigos, uma família, de si mesmo ou da vida é algo difícil e leva a um isolamento que só intensifica a dor.

Acredito que a rejeição por nós mesmos em primeiro lugar, nos faz fugir de tudo o mais. Projetamos esse sentimento nos outros, e assim nos sentimos rejeitados e inadequados por conta de uma insegurança que é nossa, que nem sempre reconhecemos. O solitário sofre porque no fundo ele não quer estar só, ele quer participar, quer se envolver, quer brincar mas não consegue. Ele coloca uma barreira que o isola dos outros, e muitas vezes é tão forte que o leva a depressão. Essa barreira é a rejeição, o medo do julgamento e a intolerância às pessoas, que de alguma forma o ameaçam.

Mas há pessoas que fazem tudo para não ficarem sós. Mantêm a casa cheia de gente, estão sempre buscando festas, passeios e companhia. Só que nem sempre gostam verdadeiramente de tudo isso, apenas o medo da solidão é maior. Elas fogem de qualquer possibilidade de estarem consigo mesmas, não toleram a sua própria companhia. Inclusive há casais assim, que não se bastam, não suportam a possibilidade de ficarem sós, porque temem ter que encarar insatisfações, às quais fogem a todo custo. Mas aquele que está bem, sabe curtir momentos a sós com alegria, assim como, sabe também, curtir as pessoas amando-as e aceitando-as.

Temos medo de passar as nossas vidas sozinhos, sem amar, sem ser amados, sem amigos, portanto nos sentindo solitários e tristes e é natural esse receio, uma vez que somos seres gregários. Mas porque temos tanto medo da solidão? Aquilo que tememos hoje, é porque já o vivemos em vidas pretéritas e potencializamos na nossa infância, portanto trazer essas emoções à tona, com certeza nos ajudará muito para a solução do problema em questão, mas também, é necessário entendermos porque não conseguimos amar. Quem sabe amar, jamais é solitário ou tem medo da solidão.

Assim, a solidão também surge, porque não gostamos das pessoas. O outro tem sempre um defeito que nos incomoda, ele não é como desejamos, e assim se relacionar torna-se um peso. Muitas vezes nos sentimos superiores, ninguém é suficientemente bom para gostarmos ou estar ao nosso lado, e portanto, não temos o que conversar ou trocar. Em outras situações, temos tanto medo de ser rejeitados, que rejeitamos antes, para não corrermos o risco. Achamos as pessoas falsas, mentirosas, traidoras e então preferimos ficar sós, porque não vale à pena nos relacionar com pessoas assim. Pensamos: não dá para contar com ninguém! Portanto, é melhor nos acostumarmos sozinhos. A lista para não nos relacionarmos pode ser longa e isso indica somente uma coisa: não amamos as pessoas e conseqüentemente não vamos gostar de estar com elas, e assim possivelmente, a solidão fará parte da nossa vida. É claro que, se temos respeito por nós mesmos não nos permitiremos viver uma relação que nos traga dor e sofrimento, mas também, não é possível que rotulemos todas as pessoas igualmente.

Mas o que impede de amarmos uns aos outros? A falta de amor por nós mesmos. Alguém que não se gosta, rejeita-se, não tem como gostar de ninguém. Amar implica em aceitação e compreensão. O outro é imperfeito como nós, os defeitos que nos incomodam tanto, também os temos, só não queremos enxergar. Se somos intolerantes com os outros, estamos abrindo espaço para que também sejam conosco. Recebemos sempre o que plantamos. Geralmente o nosso ar de superioridade está camuflando insegurança e inadequação, não somos melhores do que ninguém. Estamos todos num processo de evolução, em que alguns estão mais adiantados do que outros, mas todos chegarão ao mesmo lugar, cada um no seu ritmo, no seu jeito, no seu tempo, no seu caminho.

A solidão também nos faz sofrer, porque desejamos viver o prazer de compartilhar, de nos sentir importantes para alguém. Acontece muitas vezes de perdermos o nosso companheiro já na meia idade e a solidão surge com toda a sua força, mas se observarmos bem, veremos que ela já estava presente esperando o momento de ser percebida, mas não devemos negá-la, e sim buscar as causas subjacentes. É importante também entendermos que somos maiores do que ela, e portanto, não podemos permitir que nos impeça de viver as belas oportunidades que a vida sempre nos traz. Todos nós temos talentos, quem sabe um sonho ainda não realizado e por que não, colocá-lo em prática, mesmo que estejamos sozinhos? Nunca é tarde para aprendermos a amar a nossa companhia e a nos divertir. Quando nos amamos, irradiamos esse amor que naturalmente tocará o coração de alguém e a solidão deixará de fazer parte da nossa vida, porque o AMOR é que fará parte dela.

Cristina Azeredo

quinta-feira, 8 de julho de 2010

É Possível Encontrar Um Sentido Maior Para As Nossas Vidas?


É Possível Encontrar Um Sentido Maior Para As Nossas Vidas?

"Na falta de um sentido maior para a existência, nos perdemos pela vida, acreditando que o que falta é um emprego melhor, um namorado, uma casa nova, ou seja o que for. Tentamos curar uma dor profunda na nossa alma com comprimidos para dor de cabeça. Claro que não funciona!" Eu tenho ouvido muitas pessoas descreverem a angústia que vem sentindo por não encontrar algo que dê sentido às suas vidas. Já sabemos que falta algo, mas ainda não sabemos o que é, onde está, ou como suprir a falta. Eu diria, a quem anda se sentindo assim:

- Pare de tentar desesperadamente fazer essa angústia passar. Aceite esse incômodo como se ele fosse uma forma da sua alma despertar você desse estado de dormência que acomete o homem moderno. Aceite que você está perdido e mude o foco. Não saia andando em qualquer direção como alguém perdido na selva que é tomado pelo desespero. As respostas estão dentro de você. Acalme-se, aquiete seus pensamentos, busque seu centro, observe tudo ao seu redor, as pistas estão aí, perto de você, dentro de você. Quanto mais desesperado você estiver, menos irá percebê-las. Aquiete-se, confie, sossegue...

Quando eu era pequena, gostava de brincar de tentar parar de pensar. Você já tentou fazer isso? Já tentou atravessar aquela vasta correnteza de pensamentos e ver o que existe lá atrás? Já sentiu, nem que por um breve segundo, a cor pacífica e azulada do silêncio, que existe naquele lugar onde não existem pensamentos?

Se tentou, sabe que não é fácil. É como tentar ler o jornal em um dia de vento forte. É possível que a gente acabe mais estressado do que bem informado! No entanto, precisamos aprender a fazer isso se quisermos encontrar o sentido maior, precisamos ser capazes de atravessar os pensamentos se quisermos chegar ao lugar de sabedoria que todos temos dentro de nós. Para chegar lá precisamos, antes de mais nada, desenvolver a nossa paciência. E exercitar a humildade para aprender algo que, ao menos no Ocidente, não é assim tão fácil de aprender.

Quando nos encaminhamos em direção ao novo de forma humilde, aceitamos que teremos dificuldades e não permitimos que os obstáculos se tornem fontes de frustração ou nos impeçam de seguir adiante. A humildade nos faz compreender que é natural que existam as dificuldades, e nos permite continuar lá o tempo necessário para que consigamos seguir em frente. Ou seja, qualquer novo aprendizado requer persistência, tenacidade e o nosso desejo real de seguir adiante.

Mais do que nunca eu creio que a maior parte dos problemas que vivemos em nosso cotidiano é reflexo de uma dor mais profunda, de feridas existenciais, de coisas que se passam lá dentro de nós, nas profundezas. Mas como só olhamos para fora, deixamos escapar o primordial e nos afastamos da possibilidade de solucionar o que de fato nos atormenta.

Na falta de um sentido maior para a existência, nos perdemos pela vida, acreditando que o que falta é um emprego melhor, um namorado, uma casa nova, ou seja o que for. Tentamos curar uma dor profunda na nossa alma com comprimidos para dor de cabeça. Claro que não funciona!

Para enxergar o que de fato está acontecendo conosco, é preciso que a gente pare um pouco e aprenda a olhar para dentro. Disso já sabemos. Mas o que acontece é que, quando finalmente decidimos nos arriscar e nos voltamos para nosso interior, nos deparamos com uma mente tão caótica que preferimos enfrentar o caos do trânsito até o shopping mais próximo, em busca de amortecer essa enorme falta de sentido que tanto nos atormenta.

Assim, não se assuste se seu mundo interno parecer confuso demais ou desgovernado. Vá em sua direção assim mesmo. Abra todos os seus canais de percepção. Preste mais atenção, em você mesmo, em tudo à sua volta, sem pressa, sem tentar organizar o caos, contendo a ansiedade.

Respire fundo e sinta isso, afinal você está vivo e a vida é uma dádiva, algo maravilhoso, acontecendo agora mesmo. Agora mesmo você está respirando, sinta isso. Comece por aí. Tente amar o fato de que você é capaz de respirar. Una-se à sua respiração, à vida que flui em você... se conseguir fazer isso, já terá um ótimo começo.

O sentido da sua vida não é algo que ninguém possa dar ou explicar a você, mas é algo que pode subitamente desabrochar no seu ser, com a mesma gentileza com que as flores desabrocham na primavera, revelando seu aroma, sua cor e sua profunda beleza. Não se esforce, apenas conecte-se com sua natureza interna.

O que você busca está aí, agora mesmo. Pare um pouco com a caminhada, sente-se, relaxe e simplesmente seja você.

Patricia Gebrim

sábado, 3 de julho de 2010

Confiar Sem Se Machucar?


Confiar Sem Se Machucar?

Quase sempre criamos expectativas em nossas relações pessoais, afetivas, familiares. Confiamos, acreditamos, gostamos e muitas vezes nos decepcionamos e nos machucamos. Criamos ilusões diante de quem conhecemos e quando estes têm comportamentos inesperados, o chão de nossa segurança desaparece e nos sentimos ameaçados. Quando isso acontece, muitas vezes custamos a acreditar nos fatos, apesar deles serem reais e estarem à nossa frente. Como defesa para não sentirmos a dor, negamos, fugimos, mas logo a mágoa volta para nos lembrar que fomos enganados, traídos.

Muitas vezes, dependendo do grau do envolvimento, acabamos por confundir a realidade com nossas necessidades e vemos o outro como desejamos que fosse e não como ele se apresenta. Ou seja, com muita facilidade confundimos ideal com real. Claro que outras vezes, o outro faz de tudo para acreditarmos que ele seja como anjo, mas com o tempo percebemos que estava muito distante disso.

Os principais responsáveis por nossas desilusões somos nós mesmos, pois idealizamos a outra pessoa e, ainda que inconscientemente, projetamos nela a responsabilidade de satisfazer nossas necessidades. Assim, perdemos a capacidade de discernir a realidade da necessidade e a própria responsabilidade de suprirmos nossas carências.

Se reparar melhor e voltar um pouco ao passado, talvez perceba que foi enganado, na verdade, por ignorar sua intuição, sua voz interior, que quase sempre diz: não vai dar certo, não confie, não vá adiante. Ignoramos nossos valores como se não fosse correto confiar em nossa própria voz. E aí nos enganamos e nos machucamos.

Isso quer dizer que não devemos acreditar nas pessoas? Devemos acreditar acima de tudo em nós mesmos, e muitas pessoas confiam mais em outras pessoas do que em si próprias e esse não é o melhor caminho. O que devemos evitar é colocar todo nosso referencial de vida e valores no outro, deixar de viver a própria vida e viver a vida do outro. Não podemos perder nosso referencial interno, pois ao mantermos nossas referências, ficará mais difícil alguém nos decepcionar a ponto de nos perdermos de nós mesmos.

Algumas pessoas sofrem demais, porque na verdade, esperam demais, ou ao menos, esperam que o outro tenha respeito e valores semelhantes aos seus, o que nem sempre acontece. Confiar em alguém nos dias de hoje é algo muito delicado. Se você se considera uma vítima constante de pessoas assim, não será hora de parar um pouco e repensar sobre seus próprios valores e a forma de conduzir a própria vida? Ou ainda, não confiar tanto assim? Você pode sofrer por ter sido enganado, mas sofrerá muito mais por ter se deixado enganar. De nada adiantará ficar revoltado, brigar com o mundo, achar que não se deve mais acreditar no ser humano. Mas talvez seja importante para você acreditar acima de tudo em você mesmo.

Lembre-se que quem engana ao outro, na verdade, está enganando e fugindo de si próprio. Ou seja, quem brinca com os sentimentos de alguém, quem machuca o outro, está desrespeitando antes de tudo a si mesmo, escondendo-se atrás de máscaras por não conseguir suportar seus intensos conflitos internos. Parece que pessoas assim se esquecem que com o tempo as conseqüências podem se inverter, tendo efeito bumerangue: vai e volta. Estão tão atentas como lesar ou prejudicar o outro que nem conseguem perceber o mal que estão causando a si mesmas e nem se dão chance de descobrirem que podem ser muito felizes sem ser preciso machucar alguém.

Em qualquer relacionamento, e independente do tempo que se mantenha, podemos ouvir o que nos dizem, entender o que pensam, ou melhor, dizem pensar, mas dificilmente saberemos o que realmente sentem. Se até nossos próprios sentimentos nos fogem ao controle, imagine o que o outro sente. Amizade, cumplicidade, ética, responsabilidade, comprometimento, respeito, são valores hoje muito difíceis de serem encontrados.

Talvez por isso, seja tão importante valorizarmos aqueles que nos são caros, que mostram coerência entre o que sentem, fazem e falam. E mais importante ainda, é valorizarmos nossa intuição, que muitas vezes nos diz para não seguirmos adiante, mas ignoramos e seguimos em frente e depois nos decepcionamos, não só com o outro, mas também com nós mesmos. Por isso, observe mais, fale menos e tenha a certeza que para alguém ser especial para você e participar da sua vida, deve respeitar ao outro como a si mesmo o que, infelizmente, poucos conseguem.

Por tudo isso, confie acima de tudo em você! E no máximo em uma folha de papel em branco, se quiser desabafar. E lembre-se do que escreveu Jean Paul Sartre: "Não importa o que fizeram com nós, o que importa é aquilo que fazemos com o que fizeram de nós".

Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Como Você Lida Com a Solidão?


Como Você Lida Com a Solidão?

Solidão! Todos nós de alguma forma já nos sentimos sozinhos, outros se sentem sós com muita freqüência. Mesmo quem diz não ter tempo para se sentir sozinho, que solidão é sinal de depressão, doença, coisa para quem não tem amigos, família, com certeza já se sentiu só em alguma fase da vida, em alguma situação. Quem nunca ficou até mais tarde no trabalho, não porque tem algo a fazer, mas na verdade mesmo ficou por não querer ir para casa? Ou saiu do trabalho e foi logo se encontrar com os amigos? Quem nunca se sentiu só após uma separação? E quem nunca entrou em casa e foi logo ligando a TV, o rádio, o computador? Fazemos isso por querer saber as notícias, ouvir música, receber e-mails, conectar-se com outras pessoas? Nem sempre, essas podem até ser as justificativas que a maioria diz, mas lá no fundo, o que desejamos mesmo é fugir da solidão! Mas será mesmo que é fugir da solidão ou fugir da própria companhia e dos sentimentos e lembranças que poderão aflorar? Pois estar só significa estar acima de tudo em nossa própria companhia e, infelizmente, muitos não conseguem ou sequer se dão conta do real motivo que estão sempre em atividade. É, a solidão é antes de tudo a oportunidade que temos de nos confrontar com tudo que está bem dentro de nós e, assim, nos conhecer, cada dia um pouco mais. Mas para algumas pessoas, talvez a maioria, estar consigo mesmo, se conhecer, é sentido como algo doloroso, difícil, e até mesmo, insuportável.

Muitos moram com outras pessoas, não porque gostam de estar com essas pessoas, mas para não se sentirem sós. Outros mantêm seus relacionamentos pelo mesmo motivo e não por sentirem amor com quem dividem a mesma casa e a mesma cama. Mas por qual motivo a solidão é tão temida, causando verdadeiro pânico, fazendo com que pessoas mantenham relacionamentos destrutivos, infelizes?

Desde pequenos somos ensinados a sermos amigos de todos, a quem devemos dividir nossos brinquedos, sermos bonzinhos; na adolescência, o que mais desejamos é ter muitos amigos e com isso nos sentirmos aceitos; vamos crescendo, casamos, temos filhos, e conforme o tempo vai passando, surgem as separações, perdas, decepções e, por opção ou falta dela, muitos vão continuando seus caminhos sozinhos. Mas o que fazer com quem é um total desconhecido de nós mesmos? Passamos anos valorizando o que os "outros" querem, sentem, falam e parece que se esqueceram de nos ensinar a olhar para dentro de nós; portanto, não se culpe se você não sabe ficar só, é natural. Mas sempre é tempo de aprender. Aprender a se ouvir, se conhecer.

Como é natural também sentir medo de olhar para quem você sequer foi apresentado. Como querer conhecer alguém que só ouviu críticas a respeito de si, fazendo-o sentir que tudo que faz, pensa, fala, sente, é errado? Não, não é nada fácil! A própria sociedade discrimina quem não tem tantos amigos, sendo muitas vezes taxado como anti-social. Os tímidos que o digam... como sofrem por serem mais fechados. Os extrovertidos, sim, estes têm muitos amigos, parecem agradar a todos e, por isso, são felizes. Será? Esses mesmos "alegres crônicos" também chegam em casa, e muitos se deparam com o silêncio como companhia. E será que continuam se sentindo tão bem quanto demonstram? Nem sempre. Sem falar que mesmo acompanhados podemos nos sentir sozinhos, e isso parece doer ainda mais. Que paradoxo, não? Quando estamos sós queremos companhia e, mesmo com companhia, continuamos a nos sentir sozinhos.

Mas o fato é: como lidar com a solidão? Será que o mais apropriado não é: como lidar com nossa própria companhia? Nessa pergunta, creio que já está a resposta. O fato não é como lidar com a solidão, mas sim como lidar com nós mesmos. Sim, é muito bom estarmos com outras pessoas, principalmente com aqueles que nos amam e que amamos também, mas nem sempre isso é possível e pelos mais diversos motivos. O que é preciso refletir é que não se pode estar na companhia, de quem quer que seja, apenas para não ficar só, isso sim é pura falta de coragem para olhar para dentro de si e enfrentar os mais diversos sentimentos que tal encontro poderá despertar. É perder a oportunidade de se conhecer e aprender a valorizar tudo que viveu até aqui.

A solidão pode doer para qualquer pessoa, mas dói muito mais para quem não gosta de si mesmo, quem não se admira, não vê em si mesmo qualidades, quem não percebe seu próprio valor, não se ouve, não aprendeu a se amar e se respeitar. A busca por ter outras pessoas por perto pode também demonstrar uma enorme necessidade em ser aceito, reconhecido, amado.

Creio que o maior antídoto para a solidão seja exatamente isso: Autoconhecimento. Para isso, procure se observar mais, valorizar suas conquistas, identificar seus sentimentos, ouvir sua própria voz e respeitar aquilo que ouve e sente. Assim, aos poucos irá conhecendo um pouco mais sobre você mesmo e gostando desse ser especial que é você.

Na verdade, só se sente sozinho quem não aprendeu a apreciar a própria companhia! Espero sinceramente que você aprecie estar acima de tudo consigo mesmo!

Helio P. Leite

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Aprenda A Se Amar!


Aprenda A Se Amar!

Você já reparou que por vezes queremos abraçar o mundo, quando na verdade não conseguimos abraçar a nós mesmos? Qual foi a última vez que você se abraçou?... Queremos cuidar de todos, enquanto não conseguimos, ou não sabemos, cuidar de nós e nem daqueles que amamos. Quando não recebemos amor e atenção de nossos genitores da forma que desejávamos na infância, passamos a vida em busca deste amor em forma de reconhecimento e aprovação.

Esperamos sempre, consciente ou inconscientemente, que alguém reconheça nosso valor e, quando não acontece, perdemos nosso referencial interno e também nossa auto-estima. Esperamos aprovação pelo que fazemos e, acima de tudo, pelo que somos e realizamos. E por não sermos reconhecidos, principalmente por pessoas significativas, deixamos de acreditar em nossa capacidade.

Assim, passamos a buscar amor sempre no outro, e nunca dentro de nós. Esquecemos o quanto é essencial aprendermos a nos amar. Em alguns momentos, perdemos nosso amor-próprio e com ele nossa confiança, por isso a opinião dos outros se torna tão importante. Quantas vezes você disse a si mesmo do seu próprio amor? Quantas vezes você disse que se ama? Nunca? Pode ser! Mas sempre é tempo para começar.

Do mesmo modo que nosso físico precisa de água e comida, nossas emoções também precisam ser alimentadas. Mas estamos sempre esperando que o outro nos ame, nos abrace, que reconheça nosso valor, demonstre o quanto somos importantes, pois não nos sentimos capazes. Por que não nos amamos? Não nos aprovamos? Não nos sentimos importantes? Já pensou que se não nutrirmos estes sentimentos por nós mesmos, como podemos esperar que alguém o faça, e ainda mais, que faça melhor que nós? Por que desprezamos tanto nossa capacidade? Já pensou sobre isso?

É preciso aprender a identificar cada sentimento, sabendo o que sente e depois respeitar estes mesmos sentimentos e não desprezá-los. Não nos respeitamos e depois reclamamos que os outros não nos respeitam. Quantas vezes você sentiu algo e ignorou este sentimento para você mesmo? Geralmente isto acontece porque durante a vida, as pessoas tidas como significativas, ignoraram suas reais necessidades emocionais e com o tempo você aprendeu a fazer o mesmo. Por que desprezaram sua dor, você vai fazer igual? Pare com esse círculo vicioso.

Olhe para dentro de você. Não como quem olha no espelho, superficialmente e tentando encontrar algum defeito, e porque até neste momento a imagem refletida é invertida.Olhe de verdade para dentro de seu ser, de sua alma. Deixe o medo de lado, pois ele não permite que você cresça. Enfrente-o e acredite que irá descobrir muitas qualidades que talvez ninguém reconheça, mas que há dentro de você. E se encontrar defeitos, quem não os têm? Olhe para eles com carinho, para mudar cada um, se quiser. Transforme este momento no que podemos chamar verdadeiramente de crescimento, evolução.

Liberte-se das necessidades não supridas de amor, aprovação, reconhecimento e saiba que só você pode se aprovar. Aprenda a se abraçar, se respeitar, se aceitar, se amar. Dê a si mesmo todo o amor que espera receber de alguém, pois só assim você poderá realmente ser amado e amar. Liberte-se das culpas, perdoe e perdoe-se! Liberte-se também das mágoas e dos ressentimentos do passado que só aprisionam e machucam tanto.

Agora, com as mãos livres, faça o seguinte exercício: coloque sua mão direita sobre seu braço esquerdo e sua mão esquerda sobre seu braço direito. Pronto! Você está aprendendo a se abraçar. Abrace-se com carinho, fale do quanto você é capaz, do quanto você pode conquistar com seus próprios méritos. Fale do quanto acredita em você e, principalmente, do quanto você se ama. Fale que a partir de agora, só você mesmo pode aprovar ou não o que faz. Se ninguém o ama, você se ama. Se ninguém vibra com suas conquistas, você mais do que ninguém passará a valorizar e a celebrar cada uma delas.

Não espere mais que o outro venha salvá-lo, venha aprová-lo e reconhecer tudo de bom que você faz. Pare de colocar sua vida e seus sentimentos, que é tudo que você tem de mais valioso, nas mãos de alguém. É claro que você pode dividir tudo isso com alguém que seja muito especial e que o ame muito, do contrário, guarde tudo só para você.

Agora olhe para dentro de você, sem medo, para que possa se descobrir. Perceba sua essência, deixe brilhar sua luz, pois só assim encontrará paz e poderá valorizar sua maior dádiva: sua vida neste momento presente! Afinal, o passado já se foi... e o amanhã, ah, o amanhã! Quem saberá? Por isso, a hora de começar é agora, faça seu melhor já! Comece irradiando amor... primeiro por você, depois poderá contagiar aqueles que ama.

Rosemeire Zago - Psicóloga Clínica com Abordagem Junguiana


sábado, 24 de abril de 2010

Solidão: Uma Via De Mão-Dupla


Solidão: Uma Via De Mão-Dupla

Precisamos de vínculos reais, relações significativas; amigos, amores, família, conhecidos, animais; compreensão, carinho, desafio e etc. Entretanto também é certo que exista um sensato grau de solidão. Ela é parte indissociável da vida. A questão então é compreender e aceitar essa “solidão inerente”, aprender a conviver com ela, transformar seu sentido cruel em encanto, para poder senti-la como uma experiência importante, vital e única.


A solidão envolve graus psicológicos, isso é óbvio. Uma pessoa pode estar na multidão e sentir-se só, se assim ela pensar, acreditar. Há pessoas que gostam de estar sozinhas, preferem até ser solitárias – não digo nos casos de escapismo – e não há solidão em seu peito, pelo contrário, são muito felizes e se sentem em paz. Você deve ter percebido que a idéia de solidão também é algo criado pela mente, de como você a entende. O que é para uns não é para outros e vice-versa. Lembre-se de que o foco é como o homem entende a solidão, sendo que a solidão criada por ele é relativa.

Se a solidão é criada pela mente, para suprir a necessidade dessa criação, ela precisa de uma outra. Geralmente, a solução é procurar alguém para se relacionar. Isto se torna um ciclo vicioso, visto que é baseado em uma ilusão.

Perceba que descrevo a solidão como sendo também criada pela mente humana, mas por quê? Porque a solidão pode ser tanto ilusória como real. Apesar de o homem determiná-la de forma ilusória, ela é ao mesmo tempo real, fora da criação da mente. Portanto, faz parte da natureza do homem de forma aparente e realista.

No entanto, como entender que ela é ilusória e real? Da seguinte forma: você nasce acompanhado de sua mãe e médicos, mas quem nasce realmente é só você; você convive com outras pessoas ao seu redor, mas isso não tira o fato de que você está só, e a prova disso é que ao morrer, só você morre, a morte é a prova final do desapego de tudo, é admitir a individualidade, é expor que você é único e sempre foi sozinho.

Jung, um dos maiores psiquiatras e criador da psicologia analítica, vê a morte como parte do processo de individuação, através do qual cada ser tem de trilhar um caminho para realizar o sentido da sua existência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra, pelo externo, pelos outros, e mais com as orientações emanadas do Si-mesmo. É o estado de solidão. O morrer, na verdade, é a representação do desapego total aos interesses do eu.

A morte não é algo separado da vida, não é o seu oposto, ela acontece em vida, é a sua conclusão, não algo fora do processo. A morte mostra que até o seu corpo físico não é seu, pois vai ficar e se decompor na natureza. A idéia que você cultivou de que não está sozinho é uma ilusão, você é um ser individual, está “dividido”, isso é fato!

Lembre-se que é você com você mesmo e acabou. Sempre foi! As pessoas são passageiras, mas você não, você é o único que está com você o tempo todo. Digo o você interior, o seu Ser.

Osho, graduado em filosofia e um dos homens mais conhecidos e provocativos do século XX, afirma que é necessário estar só e que “só se está realmente vivo quando tornamo-nos capazes disso, quando não mais existe dependência em relação a ninguém, a nenhuma situação, a nenhuma condição. E por ser tua, podes permanecer nela de manhã, à tarde e à noite, na mocidade e na velhice, na saúde e na doença”.

Estar só é um fenômeno interno e não externo, não se esqueça disso. Você não elimina a solidão com algo externo, com pessoas, pois uma jornada interior é uma jornada em direção a solidão absoluta. Não tens como levar alguém contigo neste encontro interior. É impossível compartilhar o teu centro, o seu Ser, com quem quer que seja, nem com o seu amado ou amada, nem com seu irmão ou com seus pais. Está é a natureza humana e não há o que possa ser feito para mudá-la. No momento em que você se volta para o seu interior, quebram-se todas as comunicações com o mundo externo. Na verdade, o mundo todo desaparece.

É por isso que os místicos dizem que esse mundo é um “maya”, é algo ilusório. Não que o mundo não exista, mas para quem medita, como os Budas, para quem entra em “transe” em meditações profundas, é quase como se o mundo externo não mais existisse. Essas meditações, que podem acontecer em templos ou no dia-a-dia, te levam para a não-existência.

Experiências com Budistas em meditação mostram que, no ápice da jornada meditativa, ocorre redução drástica de seu campo de orientação. A suposição é que essa região cerebral se faz temporariamente “cega” para os dados provenientes dos sentidos – o que explicaria sua sensação de ligação indissolúvel à totalidade da Criação. Mais uma vez, no entanto, o resultado da experiência nada diz acerca do conteúdo de verdade da crença ou de certos dogmas de diferentes religiões.

Veja que o estado de solidão é algo tão real e é uma situação tão natural que não tem como fugir, na verdade não há necessidade. Pelo contrário, quando você se reserva por algum tempo, aceitando a idéia de que você está só – seja em uma montanha, em sua casa ou meditando – você melhora seu corpo e sua mente, os benefícios já aparecem. No entanto, em um primeiro momento, vem o medo do vazio e você tenta afastar esse vazio de dentro de si, você procura fugir da solidão. Mas a solidão só é um vazio porque você quer esquecê-la e fazer isso é ir contra a sua natureza, por isso ocorre o conflito. Não precisa temer a solidão, pois isso é só um mal-entendido que nos deixa estranhos a nós mesmos.

Perceba que o vazio ou a solidão mal compreendida aparece quando as pessoas perdem aquilo que amam, aquilo que colocam como o sentido da sua vida. Se colocar algo externo como o sentido de sua vida, esse algo pode sumir e a solidão mal compreendida pode lhe abater. Pois aquilo que era importante e que te preenchia se foi. Você perde o referencial e tudo perde o sentido. Daí, surgem as crises.

A cura para o vazio é dar sentido a existência, e não banir a solidão. Dar sentido a existência é reconhecer que é necessário buscar a presença que nunca se faz ausente. Não é possível relacionar essa presença com coisas ou pessoas, já que as coisas podem ser perdidas, roubadas, destruídas… e as pessoas podem abandonar, rejeitar, trair… A Presença que nunca se faz ausente é você mesmo.

Não seja extremista, não pense que estou falando para se tornar um egoísta. Estou tentando mostrar-lhe que é imprescindível se tornar um indivíduo. Você precisa ter amor-próprio, mas não se tornar um narcisista. O amor-próprio se torna narcisista se não for além, se ficar condicionado a si mesmo. Mas quando esse amor se expande, se torna o começo de todos os amores, aí sim, têm-se amor sólido e verdadeiro. Sabe por quê? Porque você só pode dar aquilo que é seu, não há outra maneira. Você não pode ser intermediário, um meio por onde o amor passa e se transfere para os outros.

Então não faça da solidão uma privação circunstancial que deve ser combatida. Aprenda a viver bem com a sua companhia. Essa solidão “ruim” se associa a sensações de isolamento e vazio. Ela costuma esconder frustrações de relações passadas, dificuldades de relacionamento e etc, mas como eu disse anteriormente: estar só é um fenômeno interno e não externo. É como você ver as coisas. Veja além do que elas aparentam ser.

Aprecie a solidão como uma coisa boa. Para os existencialistas franceses, a descoberta da solidão é uma experiência necessária e libertadora. Para a psicanálise, a solidão “boa” é um estado de saúde interna, de integração psíquica e de silêncio. Já para a psicologia analítica cada ser tem de trilhar um caminho para realizar o sentido da sua existência. Como pode perceber, existe vários conceitos a respeito e que demonstram o lado positivo que a solidão oferece. Só depende de você.

Marcelo Vinicius

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mesmo Que Seja Difícil... Não Desista


Mesmo Que Seja Difícil... Não Desista

Muitas pessoas conseguiram enorme inspiração, segundo o autor, ao lerem este poema chamado "Não desista" de Hanna, Paul, em "Você pode!", São Paulo, Editora Fundamento, 2004.

Não Desista!

"Quando algo vai mal, e isso acontece na vida,
quando a estrada a percorrer parece enorme subida,
quando o dinheiro é pouco e a dívida aumenta, e você
quer sorrir, mas não pode, e se lamenta
quando a ansiedade o faz um autista
descanse um pouco, mas não desista.

A vida corre estranha, ora embaixo, ora no alto,
como todos, aprendemos a cada sobressalto,
e muitos daqueles que se deixam derrotar
seriam vencedores se aprendessem a lutar.
Não desista, mesmo andando sem nenhuma rapidez,
talvez obtenha sucesso se apenas tentar outra vez.

O objetivo pode estar perto, mas distante
do homem sem coragem e hesitante;
há lutadores que desistem antes da luta
e nunca sabem se venceriam a disputa;
e só quando é tarde e nada mais podem fazer,
descobrem o quanto estavam perto de vencer.

O sucesso é o fracasso às avessas,
a cor escura de incertezas pregressas,
a certeza de estar próximo é algo incerto,
pode parecer longe e, entretanto, estar perto.
Então, nunca desanime, nem com a dor mais imprevista,
e, nos piores momentos, diga a si mesmo: "Não desista!"

Hanna, Paul

Espero que você, também, não desista e não se esqueça:

"Você é muito, muito maior do que o seu corpo ou sua mente, você é um ser maravilhoso, imortal, eterno, cheio de amor e luz. Somos sempre amados e nunca estamos sozinhos!"

Muitos vivem na defensiva, são arrogantes, arredios, superficiais, pois usam de mecanismos de defesa para se protegerem daquelas situações que não lograram superar em sua vida. O uso exagerado dessas defesas, no entanto, transformam-se em uma dependência nociva para a vida emocional, que os impossibilita viver plenamente a realidade e os benefícios do momento presente, pois encobrem a verdade de serem eles mesmos, vivendo presos às amarras do passado.

Entre as defesas mais usadas estão a racionalização, a depressão, a negação, a repressão e a projeção. As defesas, muitas vezes, são usadas inconscientemente e criam comportamentos estereotipados que são úteis quando não se consegue ou não se quer enfrentar as próprias imperfeições.

É necessário, no entanto, aceitar a sua própria condição humana, as próprias deficiências e passar a ser responsável pelas suas próprias atitudes. Aceitar este lado sombrio é uma atitude para o seu autoconhecimento, para a conscientização das suas próprias imperfeições e culpas.

A aceitação da dor e do sofrimento não deve ser encarada como fraqueza e sim como uma forma de encontrar a força para enfrentar e superar esses sentimentos. Devemos nos conscientizar da nossa condição humana e aprendermos a nos libertar da insegurança, da culpa, da ansiedade, das ilusões e da necessidade de sermos perfeitos! É necessário desapegar-se de tudo o que já não serve mais. É preciso não lutar contra o que provocou rancor ou ódio e aceitar tudo o que já foi experimentado e vivido, pois proporcionou aprendizagem.

Crescer é libertar-se e continuar caminhando desapegado dos antigos condicionamentos. Mesmo que não goste da vida que tem, pare de rejeitar-se, de julgar-se e comparar-se. Perdoe os seus erros, aprecie suas conquistas, seja sempre gentil com você mesmo, reconheça e elogie as suas realizações. Aceite que você é essencialmente bom e digno de ser amado. Não se conseguirá evitar o sofrimento recusando-se as mudanças, pois a vida não é estática e estamos em constante transformação... Aceite isto e não tente parar o mundo e ficar paralisado.

Aceitar-se representa uma "atitude" que deverá ser praticada e poderá parecer, em princípio, difícil e "errada". É um processo de mudança de hábitos e requer persistência. Desta maneira surgirão, aos poucos, os sentimentos correspondentes de auto-respeito e estima que o acompanharão, lhe darão força e o libertarão das defesas que o impedem de ser verdadeiramente feliz!

Permita-se procurar ajuda se for necessário... Um terapeuta será o seu treinador neste sentido, será um facilitador para o seu autoconhecimento e um motivador para o processo de conquista de sua verdade interior e cura emocional.

Margarita Baxauli Moscardo é Psicóloga e Psicoterapeuta.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Separar... Dói Ou Nos Faz Crescer


Separar... Dói Ou Nos Faz Crescer

Separar é afastar, romper, interromper, fazer cessar... Certamente, alguma vez na sua vida você já passou por alguma dessas situações. Talvez tenha se separado de alguma coisa, de algum lugar ou de alguém...

Quando falamos em separação logo vem à nossa mente separar de um relacionamento amoroso, não é mesmo? Mas não é só isso, embora também seja isso! Existem diversos tipos de separação: afastar-se de um emprego, separar-se por motivo de viagem, interromper um curso, separar-se de um namoro, por um divórcio, enfim...

Uma criança quando nasce se separa bruscamente daquele espaço aconchegante, gostoso e quentinho em que estava dentro da mãe. Uma viagem faz você se separar das pessoas que ama, cortando as raízes do convívio, fazendo você sentir saudade... Hoje ouvi alguém dizer que quando se aposentou sofreu muito com a separação do trabalho. Percebi que isso gerou nela um sentimento de impotência e incapacidade, e quem sabe também de insegurança!

Num relacionamento, quando não dá mais certo, o caminho na maioria das vezes não é outro senão o da separação. Inevitavelmente um dos dois, ou os dois, experimentam a sensação de “rejeição”.

Me lembro como se fosse hoje, quando a minha filha me deu a notícia de que iria morar sozinha... Chocada e com a sensação de perda pensei: Meu Deus! onde foi que eu errei? porque ela quer se separar de mim?

E, quando chegou a vez do meu filho... aos 21 anos, ele me disse: "Mamma, precisamos conversar" De novo... mas com uma sensação diferente, perguntei: "sua namorada está grávida?". Não mamma, pretendo morar sozinho... ufa... que alívio! não por ele ir morar sozinho, mas por saber que não era gravidez naquele momento.

Percebi o quanto eu estava sendo egoísta, na primeira situação com a minha filha, não consegui perceber que essa separação era muito importante para ela. E, quando na vez dele, é fato que doeu, mas aceitei, apoiei, e deixei eles crescerem... entendi que aquilo era ousadia, crescimento... vôo e liberdade! Afinal, a separação era apenas de casa, não de mim!

Não há como fingir que não, mas todos esses motivos são sempre muito doloridos.

A separação gera um sentimento de vazio... e dependendo de cada situação, desenvolve outros sentimentos (como os que citei acima) de perda, rejeição, impotência, incapacidade, desamparo, abandono etc.

Sem compreender isso, muitas vezes a pessoa se fecha, atropela, fantasia coisas que não existem e entra num processo de luto... perdendo o prazer em coisas que antes a interessavam. Sente-se triste, frustrada achando que a vida ficou sem graça!

Esse momento, ao contrário do que parece, é justamente o ponto de partida!


Por que, Então, Nos separamos?

Esta é uma frase sobre a qual todos nós temos que refletir em várias ocasiões durante nossa vida. Em primeiro lugar, tente analisar todos os ângulos possíveis da situação. Isso fará parte do seu crescimento pessoal.

Tudo bem que às vezes nos sentimos fragilizados; não somos infalíveis e super-heróis só existem em gibis. Mas parar por aí... é injusto. Separar não significa "fechar as portas". Separar, às vezes, é preciso!

É preciso criar um vazio para que se possa preenchê-lo com coisas novas... para crescer, experimentar, sonhar, ousar e recomeçar... “re”construir... Recomeçar e reconstruir são as palavras!

Nas obras da nossa vida não precisamos de arquitetos para planejarem por nós. Podemos construir ou reconstruir sozinhos a casa em que vamos morar; devemos construir janelas e não grades. Janelas e portas grandes, espaçosas, para saber que podemos com muitas bagagens entrar e sair de qualquer situação, abraçar a vida com paixão. E, se precisar perder... perder com classe e vencer com ousadia!

Fomos feitos com a capacidade de sair da derrota para a vitória, das perdas para um encontro, da separação a um desejo... O desejo de voar grandes alturas e acima das desilusões. A separação é um convite a uma nova visão da vida. A um novo desafio. Um novo caminho...

Não tenha medo de dar um grande passo quando for necessário. Separar não é finalizar, separar é também experimentar coisas novas, é saber fazer acontecer, mas para isso não é preciso se perder pra saber que uma separação é só uma questão de aprender a crescer!

Márcia Malvazzo Almeida é Terapeuta Holística



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Acredite Em Si Mesmo


Cena marcante do filme "À Procura da Felicidade"



Acredite Em Si Mesmo

"É caindo que se aprende a andar"

Tomamos conhecimento da existência de outras pessoas não só conhecendo-as pessoalmente, mas também através de suas histórias faladas, escritas ou imaginadas e às vezes até mesmo como produto de ficção, fábula ou exercício de fé. Não importa como suas vidas chegaram até nós e nem mesmo se são reais ou imaginárias, mas o fato é que algumas delas transformam-se em referenciais internos para nós mesmos.

Alguma coisa nelas causou-nos uma profunda impressão e veio ao encontro a valores que apreciamos e, assim, elas se materializaram como nosso ideal. Elas passam a personificar exemplos ou heróis e ficam guardadas dentro de nós com muito cuidado e todo carinho.

Sem dúvida, algumas pessoas realmente se destacam das demais por suas características excepcionais. São aquelas que atingiram a uma compreensão maior da sabedoria e deixaram suas marcas profundas na vida. Elas se tornam especiais através de suas ações, pregações, escritas, filosofias, poesias, artes ou ciências e transmitem ensinamentos tão grandes que às vezes tendo vivido até mesmo há milhares de anos continuam sempre atuais. São fontes inspiradoras para o crescimento de todos.

Essa admiração por elas é extremamente boa, positiva e motivadora desde que se saiba aprender com elas sem, entretanto, pretender imitá-las ou tornar-se iguais a elas. Não há nenhum benefício em se transformar apenas em uma cópia ou sombra sem luz própria. Isso é renunciar a si mesmo.

Cada um precisa viver a sua própria história individual ao longo de suas experiências no caminhar da vida e para isso tem que andar com as suas próprias pernas. Observar os sinais e trilhas dos outros passantes e aprender com eles é sábio, mas sempre continuando sobre os próprios passos. Se alguém escolhe pisar apenas nas pegadas de quem vai adiante nunca fará o seu próprio percurso e jamais seguirá em frente.

Uma pessoa não pode jamais se tornar dependente de ninguém ou alguma coisa, seja um amigo, um parente, um conselheiro, um terapeuta, um amante, um grupo, um guru, uma crença ou uma instituição qualquer, porque aí será o seu fim como indivíduo.

Uma criança aprende a andar com segurança é caindo. A cada queda ela aprende onde não deve pisar mais para não cair novamente. É só caindo que ela se torna segura! Se alguém estiver todo o tempo segurando-a e guiando-a ela nunca irá ter segurança em si mesma.

A individualidade e o livre arbítrio são talvez os maiores presentes da criação. Eles nivelam todos nós numa absoluta igualdade de condições e proporcionam a cada ser humano a liberdade de traçar o seu próprio destino. Ninguém, por nenhum motivo, deve abrir mão desses presentes.

Assim, é preciso compreender que aqueles a quem você admira são pessoas tão humanas quanto você. Essa é uma atitude inspiradora e fortalecedora para o seu próprio crescimento.

Certamente que o seu herói ou o seu santo tem ou teve também tantas dificuldades, medos, dúvidas e lutas internas quanto você mesmo. Para atingir o nível que chegou seguramente passou ou passa por isso, porque ninguém cresce sem enfrentar as suas próprias limitações.

Por outro lado, a fonte de energia interna que eles dispõem para vencer é exatamente igual a sua. O que diferencia é a forma de usar essa energia e é neste aspecto que alguém pode ser um grande referencial para o seu aprendizado.

Não copiá-lo como ele é, mas aprender com ele como usar melhor o seu potencial o qual é tão grande e poderoso quanto o dele.

Na vida há continuamente exemplos que mostram essas diferenças e os seus efeitos. Diante de uma mesma dificuldade capaz de causar um grande medo, duas pessoas podem ter reações e comportamentos diferentes, às vezes até mesmo opostos.

À frente de um mesmo perigo uma se torna estática pelo medo e se deixa abater, enquanto outra usa essa mesma energia como motivadora para buscar uma solução. Ambas são absolutamente iguais em termos de energia, mas fazem usos diferentes dela e chegam a resultados opostos. O herói tem tanto medo quanto o covarde e o que os diferencia é a atitude de cada um diante do medo.

Até mesmo aqueles a quem são atribuídos dons divinos passam por esse mesmo processo interno de trabalho e a sua maior virtude está na profundidade que se conhecem e na persistência em se trabalhar continuamente, sem esmorecimento.

A energia divina deles não vem de fora, ela está sempre dentro. A forma como a usam é que a torna divina aos nossos olhos pelos seus efeitos engrandecedores e benéficos. Reconhecer que essas pessoas têm falhas e dificuldades na mesma medida que qualquer um de nós não as diminui em nada, pelo contrário, tornam-nas muito maiores, porque conseguiram vencer a si mesmas e atingiram a sabedoria.

O grande exemplo delas está exatamente em, mesmo não sendo perfeitas, elas vencem. Afinal, qual seria o exemplo e a importância para os seres humanos de alguém que fosse divino, perfeito e viesse ao mundo pronto e sem falhas? Nenhum, nada!

Verdadeiramente divino é aquele que não sendo tão perfeito usa o próprio esforço, vence as barreiras interiores e consegue crescer. Todas aquelas grandes pessoas que passaram pela terra foram exatamente assim, sem exceção.

Portanto, acredite em si mesmo. Você é tão bom, tão capaz e tão preenchido por uma energia divina quanto às pessoas que você admira. Não há nenhuma diferença!

Saiba aprender com os bons exemplos e principalmente com as pessoas que você considera especiais, mas acima de tudo acredite sempre em si mesmo, jamais se torne um dependente.

William Rezende Araújo