terça-feira, 30 de junho de 2009

O Amor Precisa Ser Vivido Em Todas As Etapas


O Amor Precisa Ser Vivido Em Todas As Etapas

Amores mal resolvidos não permitem uma nova chance

"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver".

O seu relacionamento acabou? Por quê? Você acha que viveu ele em todas as etapas, início, meio e final? Tem certeza que não deixou nenhuma porta encostada, nenhuma etapa para trás?

Nada é mais perigoso do que sair de um relacionamento e deixar uma porta encostada. Ela não está aberta para você entrar novamente e não está fechada definitivamente para que você consiga seguir sua vida tendo força para abrir novas portas.

Portas encostadas são obras de amores mal resolvidos, que por um ou outro motivo deixaram suas marcas. São como feridas em cicatrização, a dor não é insuportável, mas é constante, incomoda, perturba.

Uma porta encostada nunca se fechará sozinha, não existe tempo para isso. Para ela se fechar, ela precisa da sua ajuda. Só o seu empurrão pode fechá-la. E para se fechar a porta de um amor mal resolvido, ele tem que ser vivido em sua totalidade. É preciso passar por todas as etapas, atração, paixão, amor, convivência, amizade, brigas e fim. Este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muito tempo, mas é importante que o ciclo se feche. Caso isso não aconteça, ficarão as fantasias, as idealizações e a persistência, mesmo tendo plena consciência de como essa relação faz mal.

É o fechamento da porta que libera a gente para ser feliz novamente.

Quando você termina um relacionamento antes do ciclo se completar, você simplesmente deixa inúmeros sentimentos e vontades de lado, como se isso nunca tivesse existido.

Mas como você pode deixar tudo isso de lado?

Não, você não pode. Você pode simplesmente esconder no inconsciente. Assim, na superfície você pode se tornar amoroso, mas lá no fundo o tumulto está escondido. Mais cedo ou mais tarde, em um momento de carência ou dúvida esse sentimento vai se manifestar e você irá sofrer com esses altos e baixos.

Por isso eu digo, um relacionamento não precisa ser eterno, mas ele precisa ser total. A sua totalidade, trás a liberdade de sentimento, que é o mais importante anseio do homem. Consiga tudo, mas se você não for livre, ficará sempre uma dor.


Se você "deve algo" ao seu antigo namorado, marido, caso, dedique um tempo a resolver isso. Nunca "esteja em débito" com algo que lhe faz mal. Coloque um fim, e bata essa porta definitivamente.

Não viva tentando se enganar, mentindo para você mesmo. Aquele que mente, vive em mentiras e atrai mentiras. E as pessoas só conseguem estar conectadas com a existência através da verdade.

Não existe nada de errado em assumir a sua verdade, em assumir que o seu relacionamento deixou marcas que precisam ser resolvidas. Não deixe que o ego fale mais alto. Você sabe que o sentimento existe, que a porta está encostada.

Na maioria das vezes você não precisa nem estar junto da pessoa para fechar essa porta, basta assumir, encarar, falar dos seus sentimentos.

Você só precisa assumir que está neste estado temporariamente, e logo ele mudará, basta você perder o medo de falar dele, de pensar nele. Não trate isso como um segredo. Trate isso como um compromisso que precisa ser resolvido, e não prorogue nem mais 1 dia.

Desmistifique-o, liberte seus sentimentos, assuma os riscos e seja feliz. Fale das suas dúvidas, dos seus sentimentos com alguém que você confia, eleja um amigo, alguém que realmente goste de você, e se abra. Quanto mais tempo você guardar esse sentimento só para você, mais perdida e sem saída você ficará.

A vida é generosa, outras portas se abrirão assim que você fechar essa. E a vida enriquece quem se arrisca. Ela privilegia quem descobre seus segredos. Mas a vida também pode ser dura e cruel. Se você não ultrapassar a porta encostada, terá sempre a mesma porta pela frente.

É a repetição perante a criação, é a estagnação da vida. Entenda de uma vez que as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens!

Fernando Carrara

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Auto Estima é sua Responsabilidade


Auto Estima é sua Responsabilidade


O que significa auto-estima?

Basicamente, auto-estima significa, quem você é pra você. Portanto, seguindo esta linha de raciocínio, se você se tiver em “alta conta”, se valorizar, e se considerar como alguém de “valor”, você terá uma auto-estima alta. Do contrário, o que é mais comum, a sua auto-estima será baixa.

Todos têm problemas de auto-estima.

A grande tendência é nos valorizarmos para os “outros” e não para nos mesmos. Alem disso, existe um grande preconceito com relação ao ato de se “valorizar”. Muitas vezes vemos este comportamento como egoísmo, e por isso, nos “proibimos” de gostar de nós mesmos. Porem, se colocar em primeiro lugar, e não os “outros”; não significa “fazer” somente para si. Apenas significa que seus sentimentos, suas necessidades e vontades são importantes.

A conseqüência da nossa baixa auto-estima é a desvalorização. Você não é importante para você.

Muitas situações “ruins” que aconteceram, ou que estão acontecendo na sua vida agora, estão diretamente relacionadas à sua baixa auto-estima. O constante sentimento de rejeição, de menos, que sempre “andam” junto com você, levam a uma serie de sentimentos negativos que acabam, por digamos atrair, ou melhor, causar, uma serie de situações negativas e frustrantes. A baixa auto-estima leva até a sentimentos de violência, desde a verbal até a física. Seja violência contra o outro, quanto à violência praticada contra nós mesmos. A pessoa dita “violenta” esta ferida de alguma forma, se frustra por não acreditar que vá obter o que quer, e por isso se vira contra os outros e/ou contra si mesma. Por isso a auto violência é muito comum.

Sem estima esperamos que o “outro” faça, aquilo que não fazemos por nós mesmos.

Você espera que os outros tenham consideração por você. Mas essa consideração você dá para si mesmo?

Você é um “amor” com os outros, e, uma “peste” com você?

Demonstra que tem “jeito”, e condições de considerar e dar amor para os “outros”, mas não faz o mesmo para si?

Muitas vezes, para “compensar” o mau trato que você faz com si mesmo. Você começa a fazer “tudo” para os outros. Tudo que eles "querem”. E a conseqüência disso, é que você se anula. Você acredita que vai “consertar” a sua falta de amor próprio, “consertando” por fora (fazendo para os “outros”), e não mudando a si mesmo. Nestas situações aparecem os medos. O medo de “romper” com o “outro”. Porque você não quer “ficar só”. E este medo é mais intenso, na medida em que você não é seu “amigo”. Você é seu próprio “inimigo”. Você não é seu “amigo”, porque nas horas de dificuldade, quando, por exemplo, você comete algum “erro”, você simplesmente “morre de vergonha de si mesmo”, e é o primeiro a se colocar ”para baixo”. Você tende a se tratar com uma exigência absurda. Podendo desta forma, estar repetindo o “modelo” como foi tratado pelos pais, ou por outras pessoas na sua vida.

Em nome do amor, existe muito desamor. Mas, não adianta questionar aqueles que te ensinaram a se tratar desta forma, porque, sendo você um adulto, não esta mais “na mão deles”, mas nas suas próprias mãos. Alem disso, o que você faz por si mesmo, hoje em dia, melhor que estas pessoas, fizeram no passado ?

Provavelmente nada, ou sendo otimista, muito pouco.

As outras pessoas fazem muita coisa por nós, isto é inegável. Mas não são só eles que tem que fazer tudo.

O que você “faz” ai dentro de si?

Por que você não faz tudo que quer? Eu acredito que seja porque você já “pegou tanto no seu pé”, que até tirou a vontade das coisas. Isto acontece, porque quando você esta “ruim” com você; nada tem “gosto”.

Não existe nada mais importante neste mundo do que você estar bem com você mesmo. Porque se acontecer o “ruim” fora, você está bem por dentro. Por isso você não pode se ignorar, e não se aceitar.

A sua felicidade esta na sua mão.

Você deixou as “outras” pessoa colocarem “regras” na sua vida. Mas você é o responsável por deixar o que vai ou não “pegar” para si. Os “outros” determinam até o que você tem que sentir diante da sua vida. Mas, você esta “aí”, e pode dizer, e fazer o que quiser.

Se você se anula e se transforma em uma pessoa “insossa”. Não é “culpa” dos outros, te evitarem.

Por que você se põe para “baixo”? Todos temos algo em nós que já foi discriminado.

Porque você não assume quem realmente é, ao invés de querer seguir um “modelo”. Assuma, e diga para si mesmo: “Eu gosto de ser assim”. “Eu sou mesmo”. “É eu gosto mesmo”.

Você fica seguindo um “ideal”, um “modelo”, de como você “deveria” ser. E, por causa disso, fica se “malhando” para ser aquela pessoa. Você fica contra você, quando assume este tipo de atitude. E depois quer que as “pessoas” venham resolver estas suas “questões”. Mas, nesta hora, você esquece que quem fez um “mal” para você. Foi você mesmo. E não os outros.

A sua vida é para você. Gostar-se é aceitar-se.

Quando você começa a querer se aceitar, se amar, começam os sentimentos de “aflição” e tristeza. Fica triste porque não é “aquele”, do “modelo idealizado”. Sempre se “enxergando” como “errado”, e sempre com falta de confiança em si. Por isso, “vive” arrumando “tarefas” para compensar. É claro. Você tem que compensar o “erro” que é.

Vive implicando com você mesmo, se perseguindo. Vai acumulando sentimentos e emoções que “envenenam”. E fica insensível, desanimado, e acaba perdendo o “gosto” das coisas. O “gosto” da vida e do viver.

Envenena-se de auto perseguição, e fica aflito por não saber quando vai “desabar’ novamente.

Constantemente fica cedendo aquela “voz” dentro de você, que diz que, você não pode ser assim, que deve ser de “tal jeito”. E cada vez que “pegar” mais modelos, “achando” que são certos; virão outros “tem que”.

A primeira coisa que funciona é mudar a sua atitude com você mesmo. Mudar para o melhor. E para isso, você precisa de toda paciência que puder com si mesmo.

Comece nunca mais tendo vergonha de si mesmo. Se assuma: “É, fiz”. “É sou”.

Em segundo lugar, não deixe as “regras” dos outros te dominarem, te colocarem para baixo. Isto esta em suas mãos.

Comece a ver, a “enxergar” a si mesmo, como uma pessoa “ótima”. Se deixe ser assim.

Existem uma serie de criticas que você faz a si mesmo, que só servem para que você fique contra si mesmo.

Seja “corrupto”. “Corrompa” todas estas críticas em você, e se liberte.

Daí a pouco, a sua vida acaba. E aí, o que você “deu” para você? Alem de críticas.

O que você fez de “bom” para si? Alem de se condenar e perseguir.

Você vive de você, vinte quatro horas por dia, e não dos outros.

Vá para a pratica. Quando você “melhorar” com você. A vida “melhora” com você.

O “exterior” é reflexo do “interior”. Você recebe uma serie de “maus tratos” da vida e das pessoas. Reclama disso. Mas, não é capaz de enxergar que faz o mesmo consigo. Você esta criando o “ruim” para você.

Quem não “cultiva”, não tem. Como você quer ter uma paz, se não se deixa em paz. Como quer ter amor, se não se ama. Como quer ter consideração, se não se considera.

Toda vez que você vai em busca de um “modelo ideal”, em detrimento de si mesmo, usando isso para se desvalorizar e invalidar, você irá “arrumar” uma serie de aflições. Fica aflito, porque “tem que conseguir”, “tem que chegar lá”, “tem que alcançar aquele modelo”. E, com tudo isso, vai ficando cada vez mais ansioso, cheio de expectativas, de medos. E isto tudo se chama, aflição. Com aflição, a sua vida fica desgastada. E, a fase mais aguda deste processo de aflição, é o chamado stress.

Queira, a partir de agora, acima de tudo. Estar bem. Para que estas coisas na sua vida? Deixe de se afligir.Você tem que querer a sua paz. E não existe paz, na vida de uma pessoa aflita.

Se “volte contra” as suas exigências absurdas. Acredite que você não tem que ser essa criatura excepcional”, que você criou na sua imaginação, para começar a se gostar, e se aprovar.

Pare de “bater” em si mesmo.

Não faça mais “força” para alcançar os seus modelos. Isso é se forçar. Ao invés disso. Comece a se “dar força”. Se “dar força” é se permitir ser quem você é, se aceitar. E, se acontecer alguma coisa, você deve ser o primeiro a se defender, se apoiar, ao invés de ficar aflito e se culpar.


Não se deixe invadir. Tome posse de si mesmo.Não se permita culpar os outros. Toda vez que você acreditar que a causa dos seus problemas esta fora de si, e/ou são os “outros”. Você não terá saída.

A “saída” é procurar dentro de si as mudanças.

E agora quando você novamente se perguntar: “O que eu sou para mim”?

A sua resposta deve ser: “EU SOU TUDO PARA MIM”.


E como você pode cultivar e adorar isso......

Isso é integridade e maturidade. É auto reconhecimento. Se conhecer. Porque é sua responsabilidade se “levar” para frente. E “levar” de uma maneira construtiva. Essa é sua responsabilidade e não do “outro”.

Valéria Lemos Palazzo é psicóloga

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Vida a Dois: É possível Mudar o Outro?

Amiga, esse artigo em especial, é para você.
Ontem, conversamos muito pelo msn,
e te falei que iria pesquisar e estudar
alguns artigos, que fosse de encontro a sua situação.
Sinceramente, é muito difícil sugerir
caminhos na vida de alguém, mesmo que esse,
seja alguém que amamos muito.
A vida me ensinou ao longo do tempo, que
"NINGUÉM MUDA NINGUÉM", isso é FATO.
Nunca se Esqueça:
"O VALOR que VOCÊ tem, e o que VOCÊ se dá.
"
Então, se liga!!!
Paz, Luz e Amor
Bjs, Ceiça





Vida a Dois: É possível Mudar o Outro?

É possível mudar o nosso parceiro em um relacionamento?

Gente!!! É muito sério o que tenho para dizer. Por favor, peguem uma folha de papel em branco, canetinhas coloridas de todas as cores, purpurina, tintas... e escrevam bem grande no centro da folha, com direito a gliter e luzes coloridas:

* NINGUÉM MUDA NINGUÉM*

Escreveu?

Agora pendure a folha em um lugar bem visível e leia essa frase ao menos 100 vezes todos os dias, antes de dormir e ao despertar! Acreditem, é incrível o número de pessoas que ainda desconsideram essa verdade.

Entram em relacionamentos e se enganam, fingindo que certas características do parceiro estão lá quase por acaso, mas que com certeza essas coisas mudarão quando a fada boa do amor cantar sua canção de ninar para o casal apaixonado. Quase como se o amor fosse uma espécie de borracha gigante com a qual pudéssemos apagar do outro as imperfeições que tanto nos incomodam.

Repito... isso não vai acontecer! Amor não é borracha!

Um dos maiores problemas que vejo nos relacionamentos atualmente está no fato de que as pessoas ficam tão desesperadas para encontrar um parceiro que basta alguém as escolher para que se sintam imediatamente gratas por serem salvas desse horrendo destino: SOLIDÃO. Com isso, nunca escolhem. Basta que sejam escolhidas. Se um sapo as escolhe, vira príncipe na hora!

E se forem escolhidas por alguém que tenha valores muito diferentes dos seus, por exemplo, as pessoas resolvem essa “pequena dificuldade” negando essas diferenças e dizendo a si mesmas que com o tempo isso irá mudar e, magicamente, os dois se tornarão parecidos, quase iguais.

BESTEIRA!

O tempo vai passando e isso não acontece. O outro não muda! E aquelas diferenças começam a incomodar. E em breve os dois estão desesperadamente tentando mudar um ao outro, como se essa fosse a saída para que a relação pudesse funcionar. Em geral nesse processo alguém se torna o cobrador e o outro se torna o que é cobrado e sufocado. Ambos vivenciam a frustração e a dor ao se deparar com a dura verdade: o outro simplesmente não vai mudar.

O outro não vai dar mais do que pode só porque você quer.

O outro não vai aceitar menos do que acredita merecer só porque você quer!

Tente perceber... é muito importante que você perceba isso:

Se, lá no começo de tudo, você tiver calma, se der a si mesmo tempo para conhecer melhor a pessoa que chegou à sua vida, se conseguir escapar dessa loucura coletiva que o leva a aceitar a primeira pessoa que aparecer... se puder fazer isso, talvez possa dar a si mesmo a chance de conhecer o outro melhor antes de fazer uma escolha. E ao fazer isso, talvez possa escolher melhor.

Imagine que você seja uma pessoa doce e carinhosa e decida ter um bichinho de estimação. Você fica tão ansioso para comprar o bichinho que acaba comprando o primeiro que encontrou... um lindo peixe dourado em um aquário redondo. Você leva o aquário para casa todo feliz e o coloca em um lugar de destaque na sua sala. Mas aí a noite chega e você começa a se sentir só... e percebe que sente falta de toque. Pega o peixe dourado e ... o coloca no colo... Ops! E agora?

Peixes não são muito de abraçar. Para falar a verdade eles parecem morrer quando os tiramos de seu mundinho particular... entenda... não adianta querer colocar no colo um peixinho dourado! Não vai funcionar!

Se era tão importante para você afagar um bichinho... por que comprou logo um... peixe????

Devia ter comprado um cachorro... um coelho... talvez um gato (se bem que a maioria dos gatos não são muito de afagos). Mas... um peixe????

Com isso quero deixar clara a importância da escolha, de uma escolha consciente.

Agora, se você já comprou o peixe... NÃO ADIANTA QUERER QUE ELE VIRE UM CACHORRO, entende? Ele não irá NUNCA latir ou se deitar no seu colo. Ou você aceita o peixe como é ou aceita que fez uma besteira, escolheu errado. Nesse caso, deixe que o peixe se vá e corra a um pet shop em busca do cachorrinho mais fofo e peludo que encontrar!

Loucura, no meu ver, é o que vejo em muitos relacionamentos. Gente brigando anos para transformar peixe em cachorro, tartaruga em águia, elefante em gazela... gente perdendo um tempo precioso que não volta mais, tentando encontrar culpados onde não há culpa alguma.

A culpa não é do outro! Um peixe tem todo o direito de ser peixe, afinal!

Nós é que precisamos ter mais clareza do que buscamos, aprender a ter mais calma e consciência em nossas escolhas e parar de agir desesperadamente por medo dessa tal solidão.

Patricia Gebrim é psicóloga


domingo, 14 de junho de 2009

A Carência de um Amor


A Carência de um Amor

A vida parece ficar mais leve e colorida quando temos o apoio de alguém do nosso lado. Amar e se sentir amado ajuda em nossos trabalhos, melhora nossa qualidade de vida e nossos relacionamentos. Sentir-se amado parece ser a fórmula para resolver nossos problemas; contudo, na contramão da nossa vida poderá surgir a falta desse amor: A Carência!

Infelizmente, muitos de nós já sofremos, temos sofrido ou ainda sofreremos os efeitos malévolos desse sentimento. Quem já não presenciou histórias de alguém que – por estar vivendo um período de carência – buscou suprir o amor que não consegue encontrar em si mesmo? Em muitas ocasiões, relacionamentos assim se iniciaram numa noite em que – cansada de estar sozinha, a pessoa sai literalmente à caça de alguém. Animada com a ajuda de algumas doses de bebida alcoólica e com os estímulos de alguns “amigos”, ela se atira nos braços daquele cujas verdadeiras intenções poderiam ser questionadas. Não desejando terminar a noite sozinha, inicia-se ali um relacionamento que poderá durar apenas alguns dias; quem sabe alguns meses ou até a alvorada do dia…

O que todos nós procuramos é um relacionamento estável, que nos propicie segurança, amor recíproco e cumplicidade, os quais, juntos, trazem luz para nossas vidas. A pessoa, que desejamos encontrar, certamente não é aquela que nos rouba um beijo ou que tenta preencher o vazio de nossas carências com um prazer efêmero, o qual somente vai aumentar ainda mais o sentimento de dependência.

Em alguns relacionamentos, o carente vive como se quisesse comprar a companhia do outro, colocando-o num pedestal e fazendo dele o “sol” da sua vida…. Doa-se inteiramente a este, abrindo mão de sua própria vida apenas para viver em função da pessoa que julga poder suprir suas necessidades. Família, amigos, trabalho, estudo e outras atividades vêm em segundo plano, simplesmente para se ter mais tempo dedicado à pessoa que acredita ser “a ajuda adequada”. Ainda que perceba no “namorado” algum comportamento desagradável, falta-lhe coragem para exigir a mudança de alguns hábitos, satisfazendo-se com a frieza da indiferença.

A baixa auto-estima o ilude, fazendo-o acreditar que pior seria se não tivesse a companhia do outro. Acredita que quanto mais fizer pelo companheiro, tanto mais poderá se sentir amado. No começo, a pessoa – que é objeto da carência – pode até gostar dos carinhos, mimos e tempo dispensados a ela, mas logo se cansará, perdendo o interesse pelo relacionamento. E na tentativa de conseguir escapar dos tentáculos sufocantes de alguém assim começará a maltratar aquele que acabou se anulando.

Com medo de não ter a companhia do outro, a pessoa carente, muitas vezes, se sujeita ao menosprezo e até aos maus-tratos do companheiro. Faltando-lhe coragem para romper com a dependência dispõe-se ao outro até que este se canse e tome a iniciativa de abandonar a relação, a qual jamais deveria ter acontecido sob os efeitos de um coquetel de emoções desordenadas.

Para se evitar cair nas teias da carência é importante ter clareza dos objetivos que almejamos e buscamos viver. Somente dessa forma poderemos dar início à conquista de um relacionamento seguro e sadio. A pessoa – com quem buscamos partilhar nossas vidas – precisa manifestar maturidade e disposição para manter um relacionamento estável – no qual cresçamos juntos. E isso certamente não encontraremos num encontro casual e sem compromisso de uma noite.

Não podemos esquecer que num relacionamento vivemos numa via de mão dupla, ou seja, se podemos nos doar ao parceiro com gestos de carinho e atenção, procurando melhorar a saúde do relacionamento, a recíproca tem de ser verdadeira. Se faltar alguns desses valores em nossos relacionamentos, precisamos nos questionar se não estamos vivendo também às margens de nossa própria carência.

Dado Moura

A Solidão a Dois


A Solidão a Dois

Escutara várias vezes os mais velhos falando que a pior solidão é aquela que se sente estando junto de alguém. Era difícil entender como isso podia acontecer. Como em outras situações, aqui também, é preciso vivenciar para poder entender.

Quem já viveu junto de alguém, sem contar com seu apoio ou cumplicidade, sabe do que eu falo. Quem já viveu com alguém que trai e mente, sabe do que eu falo. Quem já viveu com alguém que se preocupa mais com a imagem que passa para as pessoas do que com o amadurecimento de um afeto, sabe do que eu falo. Quem já viveu com alguém que não respeita acordos por medo de se posicionar e se expor, sabe do que eu falo. Quem já viveu com alguém que não divide o que faz e sente, sabe do que eu falo.

Por que, então, quem já está sozinho se ilude que não está? Por que, então, não desiste e rompe a relação, alegando ter medo de ficar só, quando já está?

Lidando com casais, pude observar que há um alimentar de fantasias para suprir o vazio instalado a dois: "ruim com ele, pior sem ele", "continuo por causa dos filhos", "não ganho o suficiente", "sinto-me um fracassado, se me separar", tenho medo de me arrepender e, aí, vai ser tarde" etc...

Talvez, o medo de ficar só seja tão forte, que ter alguém, mesmo sem qualidade, voltando para casa, seja a grande sabotagem para não vivenciar concretamente a solidão e ter que cuidar de si. Desse modo, vivendo sem conviver, morando com, mas em exclusão, pessoas adoecem, ficam deprimidas, hipertensas, dormem mal, têm úlceras, fortes dores de cabeça, abusam do álcool... O corpo trai e revela o que a alma cala.

Talvez, no fundo, haja o medo de arriscar, ao abrir a porta. Quando estiver só, não haverá alguém para responsabilizar pelas falhas, pela existência de problemas ou pela própria dificuldade de ser feliz... Entretanto, a vida não perdoa quem fica ou quem não faz por medo, apenas. Mais cedo ou mais tarde, a pergunta será feita: "o que fiz com a minha vida, até agora?"

Elisabeth Salgado

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Medo de Perder


Medo de Perder

Um dos maiores obstáculos para uma vida harmônica, plena, mais expressiva e significativa é o medo de perder, sobretudo medo de perder alguém, o medo de perder quem dizemos amar: cônjuge, filhos amigos, patrão, empregado, cliente... Esta emoção é a principal responsável pelo nosso sofrimento vital.

O medo de perder é o medo de tornarmos dispensáveis para a pessoa com a qual estamos nos relacionando, ele se reverte de mil e uma formas, aparece sobre mil disfarces, como o medo de sermos criticados, que falem mal de nós, medo de que nos humilhem, de sermos rejeitados, de não sermos importantes, de sermos menos prezados, de não sermos amados, medo da solidão, e tudo isso pode ser designado por uma palavra : C I Ú M E S !

O ciúme é o medo de não ter alguém, de não possuir alguém, de não ser dono de alguém. Na relação ciumenta colocamos: nós e o outro como objetos, nesta relação pessoas e objetos são a mesma coisa. No ciúme temos medo de um dia sermos considerados inúteis, dispensáveis a outra pessoa, esta é a emoção do apelo, confusa, misturada, dependente e o que agrava é que na nossa cultura aprendemos como se o ciúmes sendo amor, e ele é justamente o oposto do amor pois na relação amorosa existe identidade, eu sou independentemente de você, na relação ciumenta, por outro lado, perde-se a identidade: eu sem você não valho nada, você é tudo para mim.

O amor é solto, é livre, vem de querência intima, está diretamente ligada ao sentimento de liberdade, de opção, de escolha. O ciúme prende, amarra, condiciona, determina, com essa emoção eu já não sou eu, sou o que o outro quer que eu seja. E eu sou assim para que ele seja aquilo que eu quero que ele seja.

No ciúme há um pacto de destruição mútua, cada qual, usa o outro como garantia de que não estará sozinho. Eu me abandono para que o outro não me abandone, eu me desprezo para que o outro não me despreze, eu me desrespeito para que o outro não me desrespeite, eu acabo me destruindo para que o outro não me destrua.

O ciúme é o medo de ser dispensável a alguém, e o mais grave talvez esteja aqui, nós passamos a vida inteira com medo de tornarmos algo que nós já somos: TOTALMENTE DISPENSÁVEIS!

O homem por definição é dispensável, transitório, efêmero, aquilo que passa, e isso é bastante real. Em todas as relações que temos somos hoje, somos substituíveis! O mundo sempre existiu antes de nós, está existindo conosco e continuará existindo sem nós. Somos necessários aqui e agora, mas seremos dispensáveis além e depois.

O medo de ser dispensáveis a alguém é o mesmo medo que temos da morte, que é real, pois o medo da morte é o ciúme da vida, é a vontade irreal de sermos eternos e imutáveis. O medo de perder nos dá a entender que as coisas só valem se forem eternas, se forem permanentes e duráveis. Uma relação só tem valor se tivermos garantia de que a vida sempre será assim como é. E, como tudo é transitório, como tudo é passível de transformação, o medo de perder nos leva a um estado contínuo de sofrimento.

As conseqüências do ciúme são muito claras. Se eu tenho medo de que me abandonem, de que não me amem, de me tornar dispensável, ao invés de fazer cada vez mais para que cada vez mais eu seja melhor, acabo gastando toda a minha energia para provar ao outro que eu já sou o mais, que eu já sou o melhor, que eu já sou o primeiro!

Ao invés de empenhar esforços para ser um cônjuge, um filho, um amigo, um pai ou uma mãe cada vez melhor, eu gasto toda a minha energia tentando provar a eles: que eu sou o melhor cônjuge do mundo, o que é uma mentira; o melhor filho do mundo, o que é uma mentira; o melhor pai ou mãe do mundo, o que é uma mentira; o melhor amigo do mundo, o que é uma mentira; e assim por diante...

O ciúme no conduz ao delírio da onipotência, os nossos atos, nossas iniciativas, a nossa conversa, o nosso comportamento, as nossas considerações, tudo isso é para mostrar ao outro que já somos bons, capazes e perfeitos. Aqui está a diferença básica e fundamental entre o medo de perder e a vontade de ganhar.

O medo de perder é assim... Ganhamos, ninguém vai nos tomar o que já possuímos, para conservarmos o que já ganhamos... E com isso nós já chegamos ao ponto máximo, só temos que perder.

À vontade de ganhar por outro lado, é assim... Estaremos sempre ativos, descobrindo oportunidades do ganho, procuraremos ganhar cada vez mais em vez de nospreocupar com possíveis perdas.

O que temos de mais sagrado é a nossa própria vida esta nós já vamos perder, todas as outras perdas são secundárias.

O medo de perder é reativo, defensivo, justificativo! As pessoas ciumentas estão sempre se prevenindo para não perder, sempre se preparando, sempre se conservando.

As pessoas, com vontade de ganhar estão sempre optando, arriscando, o medo de perder é a vivência do futuro, é a vivência antecipada do futuro, é preocupação. À vontade de ganhar, por outro lado, é a vivência do presente, é a vivencia da beleza do presente.

Em tudo, a cada momento existem riscos e existem oportunidades. No medo da perda a pessoa só vê os risco, na vontade de ganhar a pessoa também vê os riscos, mas, sobretudo, vê as oportunidades. Cada momento da vida é um desafio para o crescimento. A vontade de ganhar, a qual nos referimos, não significa ganhar de outra pessoa, e sim ganharmos de nós mesmos, ser cada vez mais, estar disposto a dar um passo a frente, estar sempre disposto a crescer um pouco mais. É importante termos para nós, que hoje podemos crescer um pouco mais do que éramos ontem, que ninguém chegou ao seu limite máximo, que idade adulta não significa que chegamos ao máximo de nossas potencialidades, não existe pessoa madura, existe sim, pessoas em amadurecimento.

Todo nosso crescimento se dá por uma paralisação de nosso crescimento pessoal, e cada um de os sabe muito bem onde paralisou, onde nossa energia está bloqueada, onde não está tendo expansão de nossa própria energia.

Ainda, não vimos até hoje, um relacionamento se deteriorar sem a presença marcante do ciúme, do desejo de sermos donos da outra pessoa, de ter poder e controle sobre as ações e até dos pensamentos da pessoa que dizemos amar!

O ciúme é a doença do amor, é um profundo desamor a si mesmo e conseqüentemente um desamor ao outro, pelo ciúme se estabelece uma relação entre dominador x dominado. O ciúme é a dor da incerteza com relação ao sentimento de alguém no futuro. É a raiva de não possuir a segurança absoluta do relacionamento no futuro, é a tristeza de não saber o que vai acontecer amanhã. Alías, o que dói no ciúme, é a insegurança do futuro, é a insegurança do desconhecido. A loucura está aí, passamos a vida inteira tentando conseguir o que jamais conseguiremos: segurança... Pois ela não existe! Ser seguro não acabar com a insegurança, mas aceita-la como inerente à natureza humana. Ninguém pode acabar com o risco do amor, por isso só é possível estar em estado de amor quando sabemos estar em um estado de risco!

Desperdiçamos o único momento que temos, que é o A G O R A, em função de um momento inexistente: o F U T U RO ! Parece que as pessoas só valem para nós amanhã, no futuro. Nós não curtimos o relacionamento hoje com nosso cônjuge, com os filhos, com os amigos sofrendo pela possibilidade de um dia não sermos queridos por eles. O filho, por exemplo, parece que só nos é importante amanhã, quando crescer, quando se formar, quando casar, trabalhar, etc... Até hoje, não conhecemos um pai que estivesse preocupado com o futuro do filho que estivesse brincando com eles. Em geral, não tem tempo porque estão muito ocupados em assegurar aos filhos um futuro brilhante!

O ciúme é a incapacidade de vivermos a gratuidade da vida. Hoje é o primeiro dia do resto de nossa vida, querendo ou não! Hoje estamos começando, e viver é considerar cada segundo de novo, a cada dia o seu próprio cuidado, o medo daquilo que nos pode acontecer, tira nos a alegria de estar aqui e agora. O medo da morte tira a vontade de viver, o medo de perder alguém tira a beleza de estar com ela agora, alias quando se tem medo de perder alguém é porque pensamos que as pessoas são nossas, ninguém pode perder o que não tem.

Cada pessoa é única e exclusivamente dela mesma, podemos perder um livro, um isqueiro, uma bolsa, porém jamais podemos perder uma pessoa.

O sinônimo do medo de perder é a obsessão pelo primeiro lugar, colocamos nos ombros a tarefa impossível de sermos sempre os primeiros em todos os lugares e em todas as circunstâncias. Se for em casa, queremos ser o primeiro, se for no trabalho, também o primeiro, num assunto específico queremos ser o primeiro, em outro assunto qualquer sempre o primeiro. O 1o lugar é amarelante, deteriorante, ao passo que o 2o lugar é esperançoso, é enverdejante, pois quando alguém chega ao cume da montanha só lhe resta um caminho a seguir: COMEÇAR A DESCER!!

No 2o lugar, ainda temos para onde ir, para onde crescer, a postura do 2o lugar nos leva ao crescimento contínuo, porque você se decreta em 2o lugar mesmo que esteja eventualmente o 1o lugar perante a sociedade.

O 2o lugar não em relação ao outro, mas em relação a nós próprios, ou seja, ainda teremos por onde crescer e melhorar. Você sabe por que o mar é tão grande? É porque ele teve a humildade de se colocar alguns centímetros abaixo de todos os rios do mundo, sabendo receber tornou-se grande, se quisesse ser o 1o e se colocasse alguns centímetros de todos os rios da terra, não seria o mar, mas uma ilha, toda a sua água iria para os outros, e ele estaria isolado...

Além disso, a perda faz parte, a queda faz parte, a morte faz parte, é impossível viver satisfatoriamente se não aceitamos a queda, a perda, a morte o erro, precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer. Não é possível saber ganhar sem saber perder, não é possível saber andar sem saber cair, não é possível viver sem saber morrer!

Em outras palavras, se temos medo de cair, andar será muito doloroso; se temos medo de morrer, a vida será muito ruim; se temos medo de perder, o ganho nos enche de preocupação!!!

Esta é a figura do fracasso dentro do sucesso, pois quanto mais ganha, quanto mais melhora na vida, mais sofre. Para a pessoa que tem medo de ficar pobre, quanto mais dinheiro obtém mais preocupado fica. Para a pessoa que tem medo do fracasso, quanto mais sobe na escala social, mais desgraçada é a sua vida.

Agora, se você aprende a perder, a cair, a errar e a morrer, ninguém o controla mais, pois o máximo que pode acontecer a você é cair, é perder, é errar, é morrer e isso você já sabe!!!

Antonio Roberto Soares

* (Texto retirado da fita Rosa Cruz - Desenvolvimento Comportamental)

domingo, 7 de junho de 2009

Ingratidão


Ingratidão

“A maior ofensa que podemos fazer a um amigo é prestar-lhe um favor e o maior dos revides é a ingratidão”. Na época, não entendi. Posteriormente vi a profundeza e justeza daquele pensamento.

Existe uma grande diferença entre o favor e o amor.

Fazer algo por amor é fazê-lo livremente, de bom grado, sem nenhuma espera de retorno, seja consciente ou inconsciente. É também amor a ajuda que presto a alguém, combinando claramente o retorno esperado. Uma troca explicita, proporcional. É a reciprocidade combinada.

O favor, ao contrário, é fruto de uma certa esperteza. Faço algo por alguém, dizendo ser gratuito, mas posteriormente exijo reciprocidade, reconhecimento, gratidão. Só terá ingratos na vida quem se acostumou a prestar favores. A minha definição de ingratidão mostra o significado disso.

Chamamos de ingrato a pessoa que não se “vendeu” aos nossos favores. Ela recebeu o favor como se fosse amor e permaneceu livre, podendo nos dar o sim ou o não, conforme seu desejo, na época da cobrança.

Tornou-se comum nas relações um jogo que denomino o jogo da renúncia. Esse jogo consiste em a pessoa abrir mão das próprias coisas, do próprio tempo, das próprias necessidades em nome do amor ao outro e, mais tarde essa pessoa se sente frustrada, decepcionada quando o outro não abre mão por ela. Tal jogo foi confundido, durante muito tempo, como sendo a mais alta forma de amar.

“Amar é renunciar”. “Amar é sacrificar-se pelo outro”. Por isso mesmo, alguém falou, de maneira, irônica, que o casamento é feito de um dono, uma dona e dois escravos. Não estou falando da intenção. Muitas pessoas dizem que quando fizeram algo por outrem, não tinham a intenção de cobrar, que o fizeram espontaneamente e por generosidade.

Medimos o grau de renuncia pelo grau de descontentamento e mágoa que sentimos, quando a pessoa que foi por nós ajudada, nos deu um “não”.

A bondade só é virtude quando for verdadeira. Fazer algo nos sacrificando, por obrigação, sem uma vontade genuína de fazê-lo, por pena ou por medo de desagradar é a raiz de exigências futuras e da possível sensação de ingratidão.

O sentimento de agradecimento é bonito e devemos cultivá-lo. Esperá-lo obrigatoriamente do outro é que é o problema. É preferível negar algo que nos foi pedido do que fazer e me escravizar na espera do reconhecimento do outro.

...Não toleramos o “não” do outro porque não sabemos dar o “não”. Dois sentimentos negativos estão atrás dessa nossa incapacidade: a culpa e a pena. Nossa onipotência de pensar em resolver os problemas de todas as pessoas, a sensação de superioridade por estarmos ajudando não nos permitem a humildade de aceitar que somos limitados e que, por isso mesmo, não podemos ou não queremos ajudar alguém naquela época ou naquela circunstância. Isso também se aplica às outras pessoas, ainda que tenham sido ajudadas por nós. No fundo, há um temor de não sermos amados, de sermos rejeitados por aqueles a quem negamos um favor.


A bondade exagerada é uma forma de comprar o amor do outro, sob a forma de gratidão e de escravidão aos nossos desejos. Não há nenhuma moeda que compre o amor. Essa tentativa de sermos amados através dos nossos favores, explica a sensação de injustiçados, ofendidos e magoados quando os “ingratos” exercerem o seu direito sagrado de continuarem livres para o “sim” e para o “não”.

Antônio Roberto Soares

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Vida não é Feita de Expectativas, é Feita de Escolhas!


A Vida não é Feita de Expectativas, é Feita de Escolhas!

Expectativas são esperas ansiosas e produzem um efeito danoso em nossas vidas quando excedem os padrões da realidade. É da natureza humana gerar expectativas com relação às coisas, o problema é que nossa imaginação é muito fértil e nossos desejos excedem nossa compreensão da realidade. Nestas condições criamos expectativas com pouca ou nenhuma chance de acontecerem e caminhamos rumo à decepção e a frustração.

Achamos que os outros nos decepcionam quando, na verdade, na maioria das vezes fomos nós quem criamos expectativas irreais sobre eles e suas atitudes. A solução para essas questões que sempre causam sofrimento e desilusões passa pelas seguintes reflexões:

1ª) Precisamos compreender que nossas expectativas são formadas a partir de nossos desejos e fantasias e, não possuem, muitas vezes, nenhuma relação com a realidade.

2ª) Nossas expectativas estão ligadas à nossa imaginação e por isso podem assumir proporções muito difíceis de serem atendidas.

3ª) As expectativas são nossas, mas podem depender de ação de outras pessoas e acontecimentos para se concretizarem, portanto estamos esperando por algo sobre o qual não temos controle efetivo.

4ª) Expectativas estão associadas à imaginação, sentimentos, emoções e experiências anteriores.

5ª) Expectativas sofrem a ação da nossa ansiedade e dos outros aspectos psicológicos que compõe a nossa personalidade.

Assim, como em tudo na vida, também precisamos aprender a lidar com nossas expectativas e introduzir a razão como mediadora entre elas e a realidade.

Às vezes, você espera que alguém ligue para você e a pessoa não liga... Quanto maiores forem as expectativas de receber a ligação, maior será o sofrimento e a decepção de não a ter recebido. Não percebemos nitidamente, mas nos sentimos feridos, afinal a pessoa “devia” ter ligado e não ligou. Pronto. Esse “ferimento emocional”, que se originou em função de nossas expectativas não atendidas, será suficiente para que nossa imaginação agigante as consequências ao criar as “razões“ pelas quais a pessoa não ligou, tais como: ela não me dá a atenção que eu mereço; ela só me procura quando convém; ela deve estar se divertindo com outras pessoas; ela está me enganando; ela não tem por mim a mesma consideração e sentimento que eu tenho por ela, etc.

Ora, todas estas “razões” são meras suposições da nossa imaginação ampliadas pela ansiedade e por frustrações e comparações com situações anteriores.

A pessoa pode não ter ligado por razões concretas e justificáveis as quais poderíamos facilmente compreender em uma conversa franca com ela. Julgamos baseados em suposições, e suposições são apenas probabilidades manipuladas pela nossa imaginação.

Quanto maiores forem as suas expectativas diante de qualquer situação na vida, maiores serão suas chances de se decepcionar. Quando não estamos esperando nada, achamos tudo o que acontece maravilhoso. Quando esperamos pouco, o que acontece facilmente atende ou supera as nossas expectativas, mas quando esperamos muito...

Esperar muito é depositar nas mãos de outras pessoas e acontecimentos a responsabilidade de fazer seus desejos acontecerem. É uma perigosa ilusão.

Procure dividir os aspectos de sua vida em dois grandes grupos: as coisas que você espera que aconteçam e depende determinantemente de você e as coisas que você espera que aconteça, mas dependem muito mais de outras pessoas e acontecimentos que da sua ação. Observe que você só pode agir sobre as coisas que dependem determinantemente de você. Somente sobre elas você possui controle. As coisas que dependem de outras pessoas e acontecimentos estão fora do seu controle, você pode até influenciá-las de alguma maneira, mas não pode controlá-las.

Utilize a sabedoria para não gerar expectativas muito elevadas para as coisas que não dependem diretamente de você e de suas atitudes. Elas dependem de outras pessoas que não pensam como você pensa, não agirão como você agiria e não sentem as coisas exatamente como você sente.

Concentre-se em alterar as coisas que você pode e em buscar compreender as que estão nas mãos dos outros. Deixar a vida ser dirigida por nossas expectativas é como dirigir em alta velocidade de olhos vendados. Abra os olhos da razão, use o coração para amar a vida e as pessoas e a razão para conhecê-las, compreendê-las e aceitá-las.

Uma vida baseada em expectativas é irreal e muito perigosa. Faça as pazes com a realidade e aprenda a ajustar suas expectativas dentro de um padrão lúcido e flexível. Nem a vida nem as pessoas são como nós gostaríamos que fossem, são como são. Nem mesmo nós somos como gostaríamos de ser...

Um alerta importante: Antes de tentar se tornar quem você gostaria de ser, observe se suas expectativas com relação a si mesmo não estão equivocadas, talvez você esteja melhor assim...A vida é feita de escolhas, mas é impactada por nossas expectativas.

Carlos Hilsdorf