terça-feira, 22 de setembro de 2009

Solidão E Liberdade


Solidão E Liberdade


O que é solidão?

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em ‘Ser e Tempo’ que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência. A partir daí podemos construir dois estilos de vida diferentes: o autêntico e o inautêntico.

O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Desse modo não assume responsabilidade sobre as suas escolhas. Não aceita correr riscos para atingir seus objetivos, nem se sente responsável por sua existência, passando a buscar amparo e segurança nos outros. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria história. Você já pensou nisso?

Sendo autêntico você assume a responsabilidade por todas as suas escolhas existenciais, aceita correr os riscos que forem necessários para atingir os seus objetivos, e passa a encontrar amparo e segurança em si mesmo. Com isso, apropria-se da existência, torna-se indivíduo, torna-se autônomo, torna-se dono da sua própria vida, dono da própria existência, torna-se senhor de si mesmo. Você se percebe sendo o senhor de si mesmo?


Angústia

A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto a morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto.

Cada vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue realizar seus próprios objetivos, você sente angústia. É como se você estivesse morrendo um pouco.

Muitas pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa especial para si mesmo.


Solidão: A Condição do Ser

A solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa, nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um brilho especial.

O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado à uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão.

Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só.

A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro.

Anna Paula Rodrigues Mariano, Psicóloga e Psicoterapeuta Existencial - Trechos do livro “Solidão e Liberdade” do psicólogo Jadir Lessa

Não Complique A Vida!



Não Complique A Vida!


Você sabe viver?

O limite entre a felicidade e o sofrimento é muito sutil, quase imperceptível. Quando refletimos sobre a felicidade, parece que ela é uma meta a ser atingida. Um êxtase. Prazer instantâneo, bem estar eterno. Parece que ela vem de fora para dentro. Ficamos esperando a tal da felicidade chegar. Ela não chega. Rodeia. Faz hora. Quase chega, mas não chega. Pensamos que ela é controlada, manipulada. Não! A emoção da felicidade é bem sutil e leve.

Uma dor de cabeça ali, um filho difícil acolá, a casa do vizinho assaltada. Pronto, a felicidade já era! Quando sua imaginação é atacada por fantasmas diversos onde o medo toma conta a felicidade foge. Você percebe que nem sempre pode controlar tudo e todos. Percebe a dimensão da própria fragilidade.

Assaltado por estímulos de toda espécie que impedem a tal da felicidade. Alguns associam a "figurinha difícil" ao sucesso, dinheiro e poder. Ledo engano!

Se você associar felicidade à vida sem problema será sempre infeliz. Vivemos cercados de desafios. Problemas? Pode ser. Mas não pense em problema , porque pode concluir que não há solução. Fale que está vivendo um desafio e a solução virá.

A felicidade é conquista. Atualmente, as coisas estão mudando. O mundo, um caos! A violência amedronta. A mídia estimula comportamentos, dita moda e estilo. Se você não se encaixa, está frito! Muitos procuram na beleza, o ideal de felicidade. Parece nostálgico! Nossa essência pura é bela, perfeita. E, por esse motivo, a saudade de um lugar que nunca fomos, de emoções nunca sentidas, de pessoas perfeitas. Sentimos saudades de sentimentos que nunca cultivamos. Isso é nosso desejo de perfeição. A perfeição atrai felicidade. A imperfeição atrai emoções cambeteantes, comportamentos falsos. Atitudes hipócritas.

Saiba viver! Livre-se de inutilidades, corrigindo suas faltas. A frase mais sábia: Mais cedo ou mais tarde, você colherá o que plantou. O mundo é injusto e ingrato? É! No entanto, há uma lei poderosa de harmonia e equilíbrio. Deus? Sim. Alguém superior controla tudo de forma a atingir a plenitude e o equilíbrio. Infringir essa lei de harmonia é atrair sofrimento.

É mais simples do que você imagina. Em certos momentos, precisamos enxugar a vida com pano de prato. Ficar somente no essencial. Deixar os detalhes para depois. Sermos práticos, objetivos e verdadeiros. Isso conta também nos relacionamentos. Se você magoa alguém, será magoado. Prejudicou alguém? Um dia, o bumerangue volta para você.

Nada mais complicado do que os relacionamentos pessoais. Dentro dessa roda viva moram os grandes dramas e sofrimentos. Como você lida com eles? Quanto mais for egoísta e controlador, mais atrairá sofrimento. Se esperar perfeição das pessoas, fatalmente será infeliz. Nada espere , porque vai se decepcionar.

Falam da tal da autoestima. Propagam autoestima em todos os livros de autoajuda:

"Tenha autoestima". "Ame-se!"

Não menciono aqui a autoestima construída no egoísmo inútil. A verdadeira autoestima é transparente, mas instável como a água do mar. Vem e vai como as ondas. Conseguir estancar o ritmo das marés é impossível. Conforme-se. Será tarefa diária lidar com a tal da autoestima.

Fazer-se de coitadinho pondo a culpa nos outros pela sua burrice ou irresponsabilidade é ser um bebê! Os bebês precisam de colo. Sensíveis. Delicados. Quando tropeçam caem. Vivem caindo. Será um bebê a vida toda?

Controlar emoções. Sabedoria. Esperteza. O bobo só diz sim. Parece cordato, mas dentro dele há um vulcão de raiva. Um dia, ela explode. Comentam surpresos.

"Ele era o funcionário mais bonzinho e deu uma surra no chefe! Como é que pode?"

Ninguém é bonzinho. Moramos num planeta inferior. Nesse Universo moram galáxias mais evoluídas. Estamos aqui, porque merecemos. Para ser feliz? Sim! Por que não? No entanto, não estamos preparados para a felicidade. Simplesmente, porque somos imperfeitos.

Não complique sua vida imaginando problema onde ele não existe. Nossa felicidade ou infelicidade está na imaginação. Use-a a seu favor. Mãos à obra! Planeje sua vida, mas nem tanto. Solte a corda um pouco e não tenha tanto medo de ser bom. Algumas pessoas fingem ser boas. Planejam boas ações, sorrisos, mas depois cobram.

A felicidade mora na simplicidade. Aceitação. Luta sem lutar. Ela não mora no orgulho, na violência e no egoísmo. Pode ser que ela more na experiência vivida, na paciência e na serenidade. Quando você não está sereno, não está feliz. O sofrimento pode moldar seu caráter e diplomar o aluno candidato à felicidade. Ele sabe aonde não deve pisar, porque já foi mordido ou ferido.

A felicidade pode morar no sonho, mas não vive dele. Aquele que não sonha mais perde a capacidade de ser feliz. Não luta, não faz. Apenas vive como um autômato.Felicidade não é individualista. Aquele que vive pensando somente em si mesmo, põe a imaginação para funcionar contra ele. O ego absorve a vida dessa pessoa completamente. Só olha para o próprio umbigo.

Felicidade é tornar simples o que parece complicado. Ser feliz quase de graça sem esperar muita coisa da vida, nem das pessoas. Cautela com as expectativas. Baixar o topete. Quando você imagina que é o "rei da cocada preta" a vida lhe passa uma rasteira! Perde tudo! Leva um tombo para que você se lembre de que o chão está ali mesmo. Chão duro. Machuca. Esfola. Quem mandou só olhar para o alto? Não olha para os lados? Não presta atenção aonde pisa?

Todos caminhamos para uma viagem eterna e derradeira. Quando tiver abarrotado de problemas, enfrente com bom humor. Um de cada vez. Em alguns momentos seja detalhista, observando o belo e valorizando as coisas pequenas. Simples. Em outras ocasiões, fique apenas com o essencial. Não leve tudo ao pé da letra. Não se melindre tanto. Leve a vida com leveza. Pelo menos tente! Nada mais leve do que o amor! Não economize amor jamais!

Quando num fugidio momento encontrar a felicidade multiplique essa sensação única! Isso! Ensine, partilhe, conviva! A felicidade adora partilhar, repartir. Ela é uma sabedoria generosa. Pode vir num momento de meditação aonde você encontra sua verdadeira essência. Ou através da ação! Agir a favor do Bem Comum. Agir! Decidir! Mudar! Pensar, sonhar, transformar! No mundo de hoje a felicidade é bem dinâmica. Saber conviver é uma arte que atrai felicidade. Comece agora mesmo sorrindo! Sorrir é concordar que você pode remar para um futuro feliz! Ah, se você vive um momento feliz não tenha medo! Usufra-o devagarinho como se comesse aos poucos uma torta deliciosa de chocolate. Momentos tristes. Momentos felizes. Sempre virão e passarão. A eterna roda da vida girando sem parar!

Sandra Cecília

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Co-Dependência : Amor Ou Desamor?


Co-Dependência : Amor Ou Desamor?

Co-dependência é um problema conhecido por poucos, mas vivido por uma grande parcela da população. Frequentemente interpretada como uma forma de amor altruísta, a co-dependência é, na verdade, um transtorno emocional definido desde os anos 70. Trata-se daquela forma de relacionamento em que um dos parceiros abre mão da própria felicidade, para “salvar” o outro, talvez do vício, como o alcoolismo e as drogas, talvez de alguma psicopatologia.

Os co-dependentes estão sempre cuidando de um cônjuge, namorado, amigo ou familiar reconhecidamente problemático, assumindo a responsabilidade por suas escolhas, inclusive as conseqüências dos seus atos. Costumam regular a vida do parceiro, dando-lhe diretrizes e até organizando seus horários de almoço, banho, lazer, etc. Por isso, o fracasso e o sucesso do outro são por ele experimentados como seus, já que sentem-se responsáveis por suas atitudes.

Entretanto, os co-dependentes, ao darem tanto de si, cobram um preço, que é o do reconhecimento. Mas sua frustração é constante, pois nunca acreditam receber este reconhecimento, pelo menos não da forma como merecem. Na verdade, nenhuma retribuição é suficiente, pois seu nível de exigência é alto, impossível de alcançar. Por se dedicarem de uma forma tão absoluta, tão exclusiva, estão sempre sentindo-se explorados, infelizes e não realizados, sem entretanto conseguir romper o relacionamento. E o pior é que a sua postura de salvadores, ao invés de ajudar, afunda cada vez mais o parceiro na dependência, piorando a situação. Quando os co-dependentes, por mais insatisfeitos que estejam, vislumbram a possibilidade de uma separação, sentem pena do outro, acham que ele não é capaz de superar sua ausência, e, num ato que crêem ser de extrema renúncia, continuam o seu suplício.

Às vezes esta atitude patológica compromete o relacionamento com as outras pessoas que estão fora do circuito de co-dependência, porque o co-dependente tanto dispõe de pouco tempo para se afastar do seu parceiro, como leva a vida muito a sério e está muitas vezes proclamando seu sacrifício de amor como se fosse um mártir, tornando-se companhia desagradável e evitada, afundando-se cada vez mais na co-dependência.

O fato é que, ainda que pareça, eles não amam. Talvez dependam tanto do parceiro quanto acreditam que este depende deles. Ou melhor, dependem de sentirem-se úteis. São pessoas de baixíssima auto-estima, que medem seu valor pelo tamanho do sacrifício que fazem. No fim, acabam muitas vezes resvalando na depressão, no suicídio, nas doenças psicossomáticas e outros problemas.

Tudo isso nos leva a reafirmar que co-dependência não é amor, mas falta de auto-amor. E quem não ama a si mesmo, não pode amar o outro, porque só podemos dar o que realmente temos. O que o co-dependente faz é “usar” o outro, para sentir-se digno de ser amado. Só quando se sacrifica acha-se merecedor de sacrifício. Confunde amor com sofrimento, e amor é alegria, crescimento, respeito. Muito certamente, esta confusão nasceu de um modelo familiar que valorizava o sacrifício pelo outro a qualquer custo ou que incentivava a relação de dominação e dependência, em nome do amor. É comum os co-dependentes virem de uma família em que a co-dependência esteve presente. Além de fatores genéticos, a questão dos valores familiares parece ser de grande relevância na constituição do indivíduo co-dependente.

Felizmente, este transtorno pode ser tratado em grupos de auto-ajuda, psicoterapia individual e de casal, e se for necessário, até com antidepressivos e ansiolíticos. Mas como o co-dependente é uma pessoa com grande dificuldade de receber ajuda, somente com a tomada de consciência de que tem um problema mais em si mesmo que no companheiro difícil, é que poderá exercitar sair deste ciclo doentio que nada tem de amor.

Caroline S.Treigher é Psicóloga


Para Que A AutoEstima?


Para Que A Auto Estima?

A autoestima está presente em quase tudo que você faz. A autoestima é o valor que você dá a você mesmo, é você se sentir competente e merecedor de coisas boas. As pessoas com boa auto estima vão melhor na escola, no trabalho e têm maior facilidade para fazer amigos e desenvolver relacionamentos saudáveis. Gosto de comparar a autoestima a uma bateria poderosa. Quando está totalmente carregada, a pessoa se sente confiante e pronta para ir à luta; quando a bateria está descarregada, a pessoa sente falta de confiança em si mesma e pode parar.

A autoestima, estando positiva, dará a você energia para lidar com mudanças no dia-a-dia, vai ajudá-lo(a) a ir realmente atrás do que você quer e a lidar com situações difíceis e estressantes presentes. E também o(a) ajudará a ajudar outras pessoas. A autoestima não é uma característica estática das pessoas. Ela é, sim, extremamente dinâmica, muda inclusive de dia para dia.

Você é aquilo que pensa ser, e o que pensa ser é diretamente influenciado pela sua autoestima. Toda decisão que você toma é baseada nos padrões de pensamento que estabeleceu em sua mente. E toda informação boa ou ruim que recebeu durante a vida, não só na infância, forjam seu padrão de pensamento sobre si mesmo e sobre o que é capaz de conseguir, concretizar. Vai determinar suas ações e cada área de sua vida. Querendo ou não, é isso que governa sua vida. Se você se pensar vitorioso, vai alcançar muito e ter sucesso nas coisas que fizer. Agora se você se vê como vítima da vida ou como perdedor, que não é capaz de muitas coisas, isso será exatamente o que você vai conseguir na vida.

Sentimentos de inadequação, dúvidas a respeito de si mesmo e pouca confiança diminuem suas habilidades para viver bem. Isso leva a fracassos que fazem sua autoestima diminuir. Sentir-se bem sobre si mesmo, sentir-se com valor, ajuda a pessoa a ser mais positiva, menos tensa, mais criativa e, assim, mais capaz de dar conta de todos os aspectos de sua vida.

Apesar dos padrões de pensamento que você desenvolveu serem poderosos, eles podem ser mudados se você buscar desenvolver certos hábitos que vão ajudá-lo(a) a desenvolver sua autoestima e a lidar com os problemas e decepções da vida.


Hábitos para uma autoestima saudável

Autoconhecimento - Quando sabemos quem somos, por dentro e por fora, podemos valorizar nossas forças e reconhecer nossas fraquezas, e assim saber ao certo o que queremos da vida.

Autoaceitação - É a habilidade de afirmar nossos atributos assim como nossas fraquezas. Ao fazermos isso, fica fácil de deixar que outros saibam o que realmente pensamos e sentimos. Não ficamos mais preocupados se os outros vão nos aceitar ou rejeitar.

Domar seu crítico interno - Todos temos uma voz lá dentro que nos fala o dia todo. Essa voz reflete o que realmente sentimos a nosso respeito. Quando a autoestima está em baixa, "ela" (a voz) constantemente nos lembra dos nossos fracassos e ignora nossas vitórias. Essa voz derruba nossa autoestima.

Responsabilidade - Assumir a responsabilidade por escolhas, atos e direções que tomamos é poderosamente importante porque nos coloca no controle de nós mesmos, ao invés de nos sentirmos controlados pelas emoções e circunstâncias da vida.

Assertividade - Todos temos o direito de decidir como levar a vida. Isso inclui quais objetivos almejados, os valores pelos quais viver e o direito de dizer aos outros como queremos ser tratados. É poder falar com firmeza, clareza e convicção e não ficar calados quando queremos ou precisamos falar.

Valores - Os valores são os ideais e princípios que dirigem a vida cotidiana. Eles estão presentes nas crenças pessoais, nos relacionamentos, comportamentos, escolhas, no sentido de quem se é e também na autoestima.

Por mais que essa lista de hábitos a serem desenvolvidos pareça muito difícil ou impossível de ser alcançada - e os hábitos e padrões mentais são poderosos -, há um modo de conseguir ser ajudados e mudados. Eles podem ser mudados por uma força maior do que a nossa: o poder de Deus. Acreditar nesse poder tem mais influência sobre a vida do que qualquer outra informação que podemos ter recebido ao longo da vida sobre nós mesmos. Esse poder nos ajuda a tirar os olhos de nós mesmos, e a focar, olhar como Deus nos vê.

As pessoas com baixa autoestima cometem o erro de se preocupar muito com seu próprio valor, e em como podem provar a si mesmas e aos outros que são aceitáveis e dignas de valor. Sem perceber, caem na armadilha da autoexaltação que acaba levando a mais humilhação e desapontamentos.

Quando olhamos para Deus, podemos ver quão preciosos e únicos somos para Ele. Ele amorosamente nos criou com um propósito especial, nos deu qualidades e talentos. E isso pode fazer toda a diferença em nossa autoestima!

Cláudia Bruscagin Schwantes - Psicoterapeuta familiar, doutora em psicologia clínica pela PUC/SP. Professora e supervisora no curso de Especialização em Terapia Familiar e de Casal do NUFAC/PUC COGEAE. Professora no curso de Especialização Intervenção e Prática Sistêmica com Família na Faculdade de Enfermagem UNIFESP

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ninguém Vive Feliz Sem A Solidão Necessária


Ninguém Vive Feliz Sem A Solidão Necessária

Quando cada um de nós nasce se vê logo apartado do útero materno, cortam-nos o cordão umbilical e assim fica configurado que se inicia O CICLO DE VIDA DE UM SER AUTÔNOMO e que sobreviveremos como ser individual, ainda que para isso dependamos enormemente da ajuda de companheiros da mesma espécie e de uma incessante TROCA e INTERAÇÃO com o meio AMBIENTE através da respiração, alimentação, sexo, vida familiar e social etc...

Estas duas facetas da existência (AUTONOMIA e INTERDEPENDÊNCIA) convivem uma com a outra e são essenciais a quem queira usufruir um viver pleno. No entanto, desde muito cedo associamos o PRAZER a ESTAR JUNTO e a DOR a ESTAR SÓ.

Quanto a isso existe uma unanimidade quase inquestionável.

Somos ensinados a isso e nos convencemos de que estar bem com o social (família, escola, civilização de massa), é fundamental e que há algo de errado e verdadeiramente pecaminoso em alguém se isolar ou estar separado dos outros. Associamos doença e morte à solidão com a mesma facilidade com que associamos vida e prazer à experiência comunitária.

Com o tempo a consciência do fato de sermos seres autônomos e individuais cai no esquecimento mórbido das coisas reprimidas e negadas.

Ninguém gosta de pensar ou de lembrar que é indivíduo e que, portanto, a solidão é inerente ao seu estado de ser.

Quase ninguém se sente confortável quando é obrigado a tomar uma decisão individual (quando não adianta ouvir os CONSELHEIROS DE PLANTÃO e só pessoalmente se pode encontrar uma resposta), e ainda sobretudo quando todas as tentativas de recorrer ao convencional (ou àquilo que é CONSIDERADO como o MELHOR A FAZER) não nos responde à questão: “o que quero/devo/prefiro/escolho /pretendo/desejo... fazer ???????”

Todos sabemos o quanto é mais fácil sucumbir a uma pressão externa do que procurar descobrir qual é a nossa real inclinação ou, ainda, do quanto é mais fácil ter uma resposta pronta nos lábios do que procurar saber o que o nosso íntimo tem a dizer!!!...

Em quase cem por cento das vezes a visão / explicação / valor ou conceito SOCIAL supera / abafa / reprime / humilha nossa insegura procura de uma resposta PESSOAL para o vivido.

Devido a isto, muito frequentemente nos descobrimos fazendo o que IMAGINAMOS que OS OUTROS gostariam que fizéssemos em detrimento daquilo que faríamos (será?!) se tivéssemos a “ousadia” de agir / pensar / falar e seguir o nosso EU individual.

Pode ser muito cruel o combate entre os MUITOS (os outros, família, escola, autoridades do mundo) e o ÚNICO (o EU, o indivíduo).

Historicamente firmou-se o ditado: “Antes só do que mal acompanhado”.

Contudo verifica-se que o aqui denominado CONTRA-DITADO:

”Antes mal acompanhado do que só“, com demasiada freqüência acaba prevalecendo. Conclusão: É mais confortável seguir o convencional / o aprendido / o que se pensa / o que se faz / o que se deve!!!...

Entretanto, muitos descobrem-se fazendo a pergunta “O que Eu estou fazendo aqui com essa pessoa“? (após a saciedade do desejo sexual, por exemplo). Outros dizem que a noite foi um saco, apenas rotina (em meio a toda a variedade possível de uma noite movimentada).

Muitos descobrem-se sós em meio à multidão, muitos sentem um enorme abismo que separa o EU inapelavelmente dos outros. Os rebeldes e revoltados se isolam da massa fingindo-se de superiores na sua separatividade renitente.

Muitos se revoltam por dizer sempre “sim e/ou não” (às pressões e demandas dos outros) tanto quanto por não saberem dizer “não e/ou sim“... Não se nota, neste sentido, nenhuma diferença qualitativa entre os contingentes de conformados e o dos revoltados, pois de um modo ou do outro, ambos os grupos, em seu desequilíbrio, perderam a liberdade e o poder de escolha verdadeiramente individual.

Muitos se rebelam contra a permanente companhia do OUTRO, para depois se ressentirem de sua falta após a separação. Outros dizem: “ruim com o OUTRO, pior sem ele” e se submetem a condições insuportáveis no relacionamento.Os acomodados e conformados esperam (e anseiam), que “alguém“ lhes ofereça soluções e respostas para tudo...Muitos se misturam aos muuuuuitos para não sentir tanto a presença do EU! Este é um terreno fértil para todo tipo de ilusão e desequilíbrio. Há muitos meandros e subterfúgios para se fugir da “SOLIDÃO NECESSÁRIA”.

Em nossa cultura de massas a ação mais individualizada aparece, por exemplo, nos egocêntricos renitentes (o contingente das pessoas que são “do contra” em uma cultura de massas), quase sempre de uma forma desequilibrada e deselegante.

Ou então, esta ação individualizada é considerada uma prerrogativa de artistas / filósofos / idealistas / sonhadores / visionários / líderes carismáticos ou, é claro, não se pode esquecer dos roqueiros (risos!).

Nota-se, portanto, que apenas uma pequena parcela da sociedade se INDIVIDUALIZA (e são idolatrados!) enquanto o restante (a grande massa), se alimenta dos produtos e realizações destes poucos, invejando abertamente as suas façanhas e esquisitices. Sentimentos e disposições contraditórias se oferecem neste terreno.


Continuando...

Há uma SOLIDÃO NECESSÁRIA e não somos mais felizes por reprimi-la, por não gostar dela ou, ainda, por torna-la indesejável e desagradável...

Há uma SOLIDÃO NECESSÁRIA quando o OUTRO nos chama a uma cumplicidade negativa com ele e somos obrigados a enfrenta-lo dizendo a verdade ou apontando um outro ponto de vista.

Vice-versa, quando não aceitamos a SOLIDÃO NECESSÁRIA acabamos cúmplices dos outros com muita facilidade, sendo demasiadamente flexíveis e/ou não nos fazendo moralmente claros e nem verdadeiros (geralmente pelo medo da rejeição).

Naturalmente, em assim sendo, o OUTRO não encontra em nós um oponente valoroso, e sim, um cúmplice benevolente demais, complacente demais e sem limites definidos.

(Esclarecimento necessário: oponente valoroso: é aquele que não foge do confronto (quando é o caso) e se opõe a nós quando estamos desequilibrados e, portanto, errados. É aquele que nos mostra o outro lado daquilo que desejamos ver; ou ainda, aquele que nos aponta os furos e as sombras de nossa posição costumeira)...

Estar junto é uma coisa boa, mas estar em cumplicidade é criar vínculos negativos que roubam nossa liberdade de ser e nos fazem escravos da necessidade de afeto, que por si mesma nos faz dependentes e submissos ao OUTRO.


Alguém que vive a SOLIDÃO NECESSÁRIA aceita pagar o preço e o risco de se descobrir em má companhia (quando defendendo aquilo que, para si próprio, faz sentido ser, dizer ou fazer!) e pode se ver diante da necessidade de decidir pela separação / afastamento (já que, nesta hora, ele descobre que SOZINHO já estava há muito tempo... sem um oponente valoroso).

Muitas vezes, fugimos de ter que tomar decisões porque a falta de aceitação da SOLIDÃO NECESSÁRIA nos faz frágeis e dependentes.

Muitas vezes, em meu consultório, acompanhei a evolução de casais até o momento de se poderem enxergar verdadeiramente e daí em diante é imprevisível o que eles possam decidir a respeito da continuidade da relação.

Se assumirem o risco de se individualizarem ( o UM perante o OUTRO) poderão descobrir que era exatamente isto que faltava para a relação ser mais plena, feliz e realizadora para ambas as partes.

No entanto, quando a separação se impõe, um e outro acabam por descobrir que se frustraram na expectativa de que sua solidão pessoal desaparecesse.

Nestes casos, ao invés de se separarem, bastaria unicamente aceitar este fato: a existência da SOLIDÃO NECESSÁRIA. Há um risco, mas é o único modo de se saber se a relação pode ou não dar certo. Ao invés de uma mera adaptação, conveniente a ambas as partes, pode-se viver uma relação vitalizada e cheia de aventura, porém sem um resultado previsível no horizonte.


Numa relação, alguém pode descobrir que apesar de sempre ter tido companhia, sempre esteve só e isso é ainda mais notório se algum fator inesperado quebra a rotina e expõe os envolvidos à urgência de exercer uma opção individual, antes muito adiada...

Toda vez que um indivíduo toma uma posição em função de um desafio, dúvida ou paradoxo e faz uma escolha/toma uma decisão de uma direção a seguir, ele exerce a SOLIDÃO NECESSÁRIA (Claro, desde que sua opção não se tenha baseado unicamente nos padrões sociais convencionalmente impostos...).

Pode haver muito prazer (elevando a auto-estima) no fato de aceitarmos a SOLIDÃO NECESSÁRIA.

Há um estado solitário que se mostra na ausência de companhia, na ausência de um companheiro e este isolamento é composto de carência e medo.

A SOLIDÃO NECESSÁRIA não se abastece da carência e do medo: ela é o preço a ser pago pela individualidade e pelo exercício do direito de escolha e de decisão responsáveis.

Depois de sermos “jogados no mundo” sem escolha e sem opção, podemos livremente assumir este fato e tocar a vida adiante, com muito mais consistência, estratégia e determinação individuais. Temos que abandonar a posição trágica e passiva do sofredor/vítima do destino e exercer nosso arbítrio em nossas vidas.


Alguém já disse:

“Não se pode MORRER MAIS OU MENOS então, por que aceitamos que se possa VIVER MAIS OU MENOS?“

Será que ocorre a alguém que ele possa ser feliz e sentir-se completo sem se individualizar?

Usando uma metáfora posso dizer que o Universo (o Todo-Poderoso) pode nos ter dado o oceano, as correntes marítimas, as marés e os ventos, mas cabe a nós tomar o “leme” de nossos humanos recursos (barco) de sobrevivência e de produção, para nos orientarmos de modo autônomo na tomada responsável de decisões individuais.

Talvez caiba aqui lembrar que ENVELHECER é obrigatório, mas AMADURECER é opcional.

Luís Vasconcellos é Psicólogo


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Resgate Da Auto Estima


Resgate Da Auto Estima

A melhor maneira de viver bem

Muito se fala sobre auto-estima, mas poucas pessoas entendem o seu verdadeiro significado. Cuidar de sua auto-estima vai muito além de visitar o cabeleireiro ou comprar aquela roupa nova. Aliás, estas nem são condições necessárias para o cultivo da auto-estima.

Todos conhecemos, em tese, a definição básica de auto-estima: é a estima que tenho por mim mesmo, ou seja, o quanto me valorizo. O quanto me quero bem e me aceito.

Vamos aperfeiçoar esta definição, dizendo que a auto-estima é um ato de amor e de confiança consigo mesmo. Precisamos entender bem que são as duas coisas juntas: o "amor próprio" e a "autoconfiança". Faltando um destes ingredientes, não teremos uma auto-estima verdadeira.

Amar a si mesmo sem confiança nos seus atos ou pensamentos não resolve. Neste grupo temos as vítimas, aquelas pessoas que desejam algum "bem" para si, mas se lamentam por não terem condições de consegui-lo.

Confiança em seus projetos ou na sua capacidade de conquista sem o amor próprio também não traz felicidade. Neste último grupo, vemos a maioria das pessoas mergulhadas no estresse social, preocupadas em ter e poder, mas esquecendo de ser.

Infelizmente, trazemos uma tremenda dificuldade em cultivar estes dois ingredientes da auto-estima (o amor próprio e a autoconfiança), por eventos que se manifestaram desde a nossa criação. Quantas vezes, por medo do egoísmo, deixamos de lado nossa própria vontade para fazer tudo o que o outro queria. Só que auto-estima não tem nada a ver com o egoísmo. O egoísta é um ser vazio e solitário que precisa cada vez mais de coisas e pessoas que o preencham. Gente com boa auto-estima, apenas reconhece que, como qualquer ser humano, tem o direito valorizar e satisfazer suas vontades.

Mas, aprendemos a cultivar uma "personalidade ideal" e, portanto, tivemos que engolir nossos sentimentos. Em nome de Deus, da moral ou da boa educação, o importante era "fazer a coisa certa", mesmo que aquilo estivesse contrariando nossa natureza.

Pior ainda quando passamos a desejar um "corpo ideal". O ideal é apenas um sonho, uma projeção. Com isto, vivenciamos um estado profundo de angústia, pois comparamos nosso corpo com "modelos" e percebemos o quão diferente somos daqueles seres perfeitos e maravilhosos que deveríamos ter sido.

Na verdade, a cultura, a mídia e até mesmo nossos familiares contribuíram fortemente para gerar este quadro: "Está na moda quem usa tal roupa"; "Sem estudo você não é nada"; "Você será aceito somente se fizer isto e não aquilo...". É claro que, muitas vezes, isto aconteceu por ignorância, e não por maldade. Se tivessem acesso a determinadas informações, certamente as atitudes de nossos pais seriam diferentes.


Desenvolvendo Sua Auto Estima

O resgate da auto-estima acontece quando você decide que só precisa ser quem você é. Você pode confrontar as opiniões, e não ficar preso a um único ponto de vista. Mas descobre que, se no passado era importante ouvir e respeitar as ordens dos adultos, hoje você pode ser dono (ou dona) de seu próprio destino. Passa a respeitar mais suas próprias idéias, porque, automaticamente, está se ouvindo mais. É por esta razão que gente que tem uma boa auto-estima nunca se sente sozinha, pois solidão é a distância que se tem de si próprio.

Entenda que você não veio a este mundo para corresponder às expectativas dos outros, por mais que você os ame. Se fizer isto, nunca será o "bastante", nunca sentirá que conseguiu. Você não é propriedade de ninguém, assim como não precisa mais assumir "o outro" como propriedade sua. Assumindo que você não é responsável pela felicidade alheia, também não responsabilizará ninguém pela sua própria felicidade. Os outros estão em sua vida para fazer companhia e não para se aprisionarem emocionalmente.

Cultivando sua auto-estima, será uma pessoa mais consciente, mais responsável por seus atos. Sentirá que está mais íntegro e que é alguém valioso para si mesmo. Perceberá que tem todo o direito de honrar suas necessidades e vontades que considerar importantes. Aprenderá que merece ter atitudes de carinho consigo mesmo, como, por exemplo, preparar a mesa do café, mesmo quando está sozinho, ou permitir-se ir ao cinema, ainda que ninguém queira lhe fazer companhia. Você é a sua grande companhia, e, se entender isto, poderá iniciar uma das melhores fases de sua vida.

Chris Almeida é Psicoterapeuta e Filósofo

Expectativas


Expectativas

Programada por Hollywood e pelos sonhos de nossos pais, nossa visão de casamento só nos leva até o altar. A própria cerimônia – hoje mais um show do que uma cerimônia – dificulta ainda mais a separação entre o cinema e a vida real. Por isso, muita gente se atira de olhos fechados na aventura de se casar. "Eu te amo" é o mantra antes do casamento. Com o decorrer do tempo, descobrimos que só o amor não basta. No início, imaginamos o casamento como uma situação de trocas, partilha, intimidade e crescimento. Um estado de segurança e satisfação mútua.

De fato, muita gente acredita que casamento é remédio para tudo. Visto desse prisma, ele nos salva de nós mesmos, nos define, nos dá uma razão para viver, não nos deixa cair em tentação, morrer de fome ou padecer de solidão mortífera. E, se a relação não nos der tudo isso, sempre podemos nos separar.

O modelo de casamento tradicional era idealizado, simplista e isento de conflitos. No cinema, o amor nunca esmaecia, as revistas ofereciam táticas para obter do outro a gratificação total. Mas isso gerou níveis epidêmicos de desilusão. Aí as pessoas começaram a dizer: "desencantou" – ou seja, as desilusões e as mágoas iam se acumulando como uma garrafa sendo enchida a conta-gotas. Um dia acabava transbordando.

Por que tantas expectativas não realizadas, tantas esperanças frustradas, tantos sofrimentos, tantas ingratidões? Em busca de respostas, as pessoas mudam o comportamento e costumam se defender com distância, esquecimento, distração, traição.

Na época da revolução sexual, o casamento tradicional caiu em desgraça porque impedia, ou cerceava, o crescimento pessoal. A pergunta era "o que estou levando do meu casamento" em vez de "o que eu trago para o casamento?". A noção de "para o melhor e para o pior" ou "até que a morte nos separe", deu lugar a um pensamento utilitarista: "até que você não corresponda mais às minhas necessidades".

Assim começou o casamento em que cada parceiro via o outro como responsável por sua felicidade e realização pessoal. Uma relação baseada mais no exigir do que no dar. Ironicamente, porém, esse tipo de casamento não conseguiu proporcionar as muitas recompensas que parecia prometer.

Aos poucos foi sendo recolocada a perspectiva de que o casamento não é uma aquisição, mas sim um processo, uma escola em que você confronta seus medos, seus egoísmos, suas limitações.

A verdade é que todos nós precisamos de um porto seguro na vida e à procura dele empregamos o melhor de nossas esperanças e energias. O casamento pode representar esse porto seguro. Por isso, não é possível considerá-lo uma simples aquisição, mas sim uma proposta de vida cujos termos vamos formulando ao longo do tempo. E não é uma "proposta indecente" porque cada um entra, em primeiro lugar, com aquilo que é e, depois, com o que tem.

Amar e ser amado é uma das experiências mais nutridoras da vida. A fome de amor íntimo não deve ser considerada um sonho da adolescência. É adulta, real e necessária. No entanto, não se pode fabricar intimidade. Ela deve surgir espontaneamente, não por fingimento ou encenação. Intimidade exige tempo tempo de respirar, tempo de sentir, tempo de fluir. Você não precisa fazer força simplesmente deixe acontecer. São os movimentos e os gestos espontâneos, involuntários, que constituem a verdadeira intimidade. Portanto, precisamos ficar ligados em nossos sentimentos para não acabar sufocando, amassando as emoções.

Estamos sempre a espera de que essas emoções se manifestem emoções que podem levar o outro a se abrir, a se revelar. São olhares, sorrisos, toques que falam mais do que palavras. Estamos sempre buscando os gestos que exprimam o que sentimos para reencontrar no cotidiano o gosto do amor.

Mas quem ama se compromete. E comprometer-se quer dizer ficar junto na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na época das vacas gordas e na das vacas magras. E não é só. Compromisso significa investir na relação para ela dar certo. É ação. Se aparece uma pedra no caminho, construímos um túnel ou um desvio. Às vezes, passado algum tempo, resolvemos empurrar a pedra e descobrimos que é oca, bem mais leve do que imagináramos.

Compromisso é uma promessa – feita a você mesmo e ao outro – de aguentar firme, tocar o barco nos momentos difíceis, ficar lado a lado para o que der e vier. Mais do que em qualquer outra parceria, o casamento nos dá a oportunidade de lutar juntos.

Maria Helena Matarazzo é Psicóloga e Sexóloga