terça-feira, 15 de setembro de 2009

Co-Dependência : Amor Ou Desamor?


Co-Dependência : Amor Ou Desamor?

Co-dependência é um problema conhecido por poucos, mas vivido por uma grande parcela da população. Frequentemente interpretada como uma forma de amor altruísta, a co-dependência é, na verdade, um transtorno emocional definido desde os anos 70. Trata-se daquela forma de relacionamento em que um dos parceiros abre mão da própria felicidade, para “salvar” o outro, talvez do vício, como o alcoolismo e as drogas, talvez de alguma psicopatologia.

Os co-dependentes estão sempre cuidando de um cônjuge, namorado, amigo ou familiar reconhecidamente problemático, assumindo a responsabilidade por suas escolhas, inclusive as conseqüências dos seus atos. Costumam regular a vida do parceiro, dando-lhe diretrizes e até organizando seus horários de almoço, banho, lazer, etc. Por isso, o fracasso e o sucesso do outro são por ele experimentados como seus, já que sentem-se responsáveis por suas atitudes.

Entretanto, os co-dependentes, ao darem tanto de si, cobram um preço, que é o do reconhecimento. Mas sua frustração é constante, pois nunca acreditam receber este reconhecimento, pelo menos não da forma como merecem. Na verdade, nenhuma retribuição é suficiente, pois seu nível de exigência é alto, impossível de alcançar. Por se dedicarem de uma forma tão absoluta, tão exclusiva, estão sempre sentindo-se explorados, infelizes e não realizados, sem entretanto conseguir romper o relacionamento. E o pior é que a sua postura de salvadores, ao invés de ajudar, afunda cada vez mais o parceiro na dependência, piorando a situação. Quando os co-dependentes, por mais insatisfeitos que estejam, vislumbram a possibilidade de uma separação, sentem pena do outro, acham que ele não é capaz de superar sua ausência, e, num ato que crêem ser de extrema renúncia, continuam o seu suplício.

Às vezes esta atitude patológica compromete o relacionamento com as outras pessoas que estão fora do circuito de co-dependência, porque o co-dependente tanto dispõe de pouco tempo para se afastar do seu parceiro, como leva a vida muito a sério e está muitas vezes proclamando seu sacrifício de amor como se fosse um mártir, tornando-se companhia desagradável e evitada, afundando-se cada vez mais na co-dependência.

O fato é que, ainda que pareça, eles não amam. Talvez dependam tanto do parceiro quanto acreditam que este depende deles. Ou melhor, dependem de sentirem-se úteis. São pessoas de baixíssima auto-estima, que medem seu valor pelo tamanho do sacrifício que fazem. No fim, acabam muitas vezes resvalando na depressão, no suicídio, nas doenças psicossomáticas e outros problemas.

Tudo isso nos leva a reafirmar que co-dependência não é amor, mas falta de auto-amor. E quem não ama a si mesmo, não pode amar o outro, porque só podemos dar o que realmente temos. O que o co-dependente faz é “usar” o outro, para sentir-se digno de ser amado. Só quando se sacrifica acha-se merecedor de sacrifício. Confunde amor com sofrimento, e amor é alegria, crescimento, respeito. Muito certamente, esta confusão nasceu de um modelo familiar que valorizava o sacrifício pelo outro a qualquer custo ou que incentivava a relação de dominação e dependência, em nome do amor. É comum os co-dependentes virem de uma família em que a co-dependência esteve presente. Além de fatores genéticos, a questão dos valores familiares parece ser de grande relevância na constituição do indivíduo co-dependente.

Felizmente, este transtorno pode ser tratado em grupos de auto-ajuda, psicoterapia individual e de casal, e se for necessário, até com antidepressivos e ansiolíticos. Mas como o co-dependente é uma pessoa com grande dificuldade de receber ajuda, somente com a tomada de consciência de que tem um problema mais em si mesmo que no companheiro difícil, é que poderá exercitar sair deste ciclo doentio que nada tem de amor.

Caroline S.Treigher é Psicóloga


3 comentários:

  1. Olá..Super importante o texto,maravilhosa reflexão....Deus continue fazendo você um canal de vitórias pra nós.Beijos

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  2. eu sai de uma co-dependencia, foi dificil mas hoje tenho um novo relacionamento e sou feliz.

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  3. eu nao consigo viver mais pq meu amor m deixou estou totalmente codependente dela o que fazer

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